Ex-dirigente da Cultura atua ‘nas sombras’ com Eduardo Bolsonaro nos EUA

Um grupo ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atuando a partir dos Estados Unidos, conta com a participação de Paulo Figueiredo e do ex-PM baiano André Porciuncula. Porciuncula, que foi braço direito de Mario Frias na Secretaria Especial de Cultura durante o Governo Bolsonaro, opera longe dos holofotes.

Atuação nos bastidores e alinhamento político

Segundo aliados do ex-presidente, Porciuncula alinha-se ao discurso crítico de Eduardo Bolsonaro em relação ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Essa postura é vista como uma retaliação à frustrada tentativa de Eduardo Bolsonaro de emplacar Porciuncula como secretário de Cultura paulista no final de 2022. Em mensagens privadas, Eduardo chegou a expressar insatisfação com a postura de Tarcísio, alegando falta de apoio em momentos cruciais e uma preparação para as eleições de 2026.

Trajetória na Secretaria de Cultura e polêmicas

André Porciuncula ocupou o cargo de Secretário Nacional de Incentivo e Fomento à Cultura. Na gestão de Mario Frias, a pasta não possuía status de ministério, sendo vinculada ao Turismo. Em dezembro de 2022, Porciuncula comandou a secretaria por menos de um mês. Durante sua gestão, implementou políticas de desmonte da Lei Rouanet e defendeu projetos armamentistas na área cultural. Um episódio de destaque foi o gasto de ao menos R$ 20 mil em uma viagem de cinco dias a Los Angeles, em janeiro de 2022, com uma das reuniões contando com a presença de Eduardo Bolsonaro.

Porciuncula tentou se eleger deputado federal em 2022 e vereador em Salvador em 2024, ambas as tentativas sem sucesso. Seus perfis em redes sociais como Facebook e Instagram estão inativos desde outubro de 2024, e sua última postagem no X (antigo Twitter) data de maio de 2023, onde comentou sobre o poder do legislador em definir a verdade, criticando regimes totalitários.

Ações legais e empreendimentos nos EUA

O ex-PM responde a uma ação penal militar por deserção na Bahia, que foi suspensa por decisão judicial em agosto. A Folha não obteve contato com seu advogado nem com Porciuncula. Ele também figurou como sócio de Eduardo Bolsonaro em uma empresa no Texas, a Braz Global Holding LLC, que atualmente consta como inativa nos registros públicos do estado.

Lobby e sanções internacionais

Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo lideram, dos Estados Unidos, um lobby político e diplomático para pressionar autoridades brasileiras em favor de Jair Bolsonaro, que enfrenta prisão domiciliar e condenação pelo STF. Paralelamente, o governo de Donald Trump anunciou tarifas contra o Brasil, citando o caso Bolsonaro, e aplicou sanções financeiras a familiares de autoridades brasileiras, como a mulher de Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky. Esta lei permite ao governo dos EUA impor sanções a indivíduos e entidades estrangeiras envolvidas em corrupção ou violações de direitos humanos.

Fonte: Folha de S.Paulo