O prazo para a Ambipar, empresa de gestão de resíduos, apresentar um pedido de recuperação judicial na Justiça começa a ser contado nesta segunda-feira (20). A cautelar que garante proteção à empresa contra credores expira no final da próxima semana, e o pedido pode ser formalizado a qualquer momento, inclusive no início da semana, conforme apurado pela Broadcast.
Fontes indicam que a Ambipar vinha buscando uma reestruturação por meio de recuperação extrajudicial com seus credores. No entanto, as negociações não progrediram com alguns bancos, um dos motivos pode ser a discordância sobre o foro da Justiça do Rio de Janeiro como sede do processo. Em petição de 30 de setembro, credores como Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil, ABC Brasil e Sumitomo solicitaram a mudança do processo para São Paulo, argumentando ser o foro correto, dado que a sede principal da empresa está no estado paulista, e a unidade no Rio de Janeiro funciona em um co-working.
Debates sobre o Foro da Recuperação Judicial
Os bancos apresentaram mais de mil páginas de documentos, incluindo números de telefone e contratos, para substanciar a ligação da companhia com São Paulo. O principal grupo de credores é composto por detentores de papéis emitidos internacionalmente pela Ambipar, totalizando dívidas de aproximadamente US$ 1 bilhão, o que equivale a mais de R$ 5 bilhões. Dada a pulverização desses credores, a obtenção do quórum necessário para um acordo em curto prazo se mostra desafiadora.
Para a aprovação de uma recuperação extrajudicial, a legislação exige o consenso de um terço dos credores. Na tutela cautelar concedida pela 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a Ambipar declarou um passivo total de R$ 10 bilhões.
Exposição dos Bancos e Dívidas da Ambipar
A Broadcast apurou que Bradesco, Itaú e Santander possuem exposições em linhas de capital de giro da Ambipar, que somavam R$ 1,68 bilhão em junho. O Banco do Brasil e o Itaú também detêm debêntures da companhia, através de suas gestoras. No último balanço divulgado, a Ambipar relatou R$ 2,8 bilhões em debêntures emitidas, com remuneração atrelada ao CDI, variando entre 2,75% e 3,5%.
Consultoria Contratada para Análise de Caixa e Derivativos
Recentemente, a Ambipar confirmou a Contratação da FTI Consulting para realizar uma análise detalhada sobre seu caixa. Além disso, a FTI examinará o contrato de derivativos com o Deutsche Bank. A empresa alegou, na cautelar que impediu a cobrança por credores, que a assinatura de um aditivo a este contrato colocou em risco sua solvência.
A decisão de contratar a FTI seguiu-se a conversas entre a companhia e seus credores. Persistem dúvidas sobre a alocação de R$ 2 bilhões de um total de R$ 4,7 bilhões em caixa, que foram aplicados em um Fundo de Investimento em Direito Creditório (FDCI) no segundo trimestre, sem detalhes sobre a destinação dos recursos. O BR Partners atua como assessor financeiro da Ambipar no processo, com assessoria jurídica dos escritórios Salomão Advogados e Galdino, Pimenta, Takemi, Ayoub, Salgueiro, Rezende de Almeida Advogados. A FTI já prestou serviços em casos de auditoria, como na verificação contábil da Americanas após a descoberta de fraude.
Fonte: Estadão