Ambipar pede Recuperação Judicial no Brasil e EUA após escândalo financeiro

Ambipar pede recuperação judicial no Brasil e EUA após suspeitas de irregularidades financeiras e crise de dívidas bilionárias.
Ambipar recuperação judicial — foto ilustrativa Ambipar recuperação judicial — foto ilustrativa

A Ambipar, empresa de gestão de resíduos, solicitou recuperação judicial no Brasil e também nos Estados Unidos. A medida urgente foi tomada em função de dificuldades financeiras e do risco iminente de pagamento de dívidas bilionárias.

O pedido abrange outras companhias do grupo, como a Environmental ESG Participações. Nos EUA, a subsidiária Ambipar Emergency Response entrou com um pedido de falência sob o Capítulo 11, equivalente à Recuperação Judicial brasileira.

Suspeitas de Irregularidades Financeiras Abalam a Ambipar

As ações foram motivadas por suspeitas de irregularidades em operações financeiras (swap) conduzidas pela antiga Diretoria financeira. As investigações foram desencadeadas após a saída inesperada do ex-diretor financeiro, João de Arruda.

A empresa comunicou que o escândalo abalou a confiança do Mercado e levou credores a cobrarem o pagamento antecipado de dívidas. A situação se agravou no final de setembro com a queda expressiva das ações da Ambipar, após a Substituição do diretor financeiro. Ricardo Garcia assumiu o cargo, acumulando também a responsabilidade pela área de relações com investidores.

No documento protocolado na Justiça, a defesa da Ambipar informou sobre uma investigação criminal em curso para apurar a conduta do ex-diretor e seus associados. A empresa contratou a consultoria FTI Consulting para conduzir as investigações e buscar reparações pelos prejuízos.

Gráfico de ações da Ambipar em queda após divulgação de suspeitas de irregularidades financeiras.
Gráfico ilustrando a volatilidade das ações da Ambipar.

Crise de COEs e Disputa com Deutsche Bank

Rumores sobre a recuperação judicial da Ambipar circularam desde o início de outubro. A decisão ocorre logo após a empresa obter uma liminar que suspendia temporariamente o vencimento antecipado de suas dívidas, em meio a uma disputa com o Deutsche Bank.

O banco exigiu um complemento de US$ 35 milhões, gerando um efeito cascata que pode antecipar o vencimento de dívidas que ultrapassam R$ 10 bilhões. Essa incerteza levou à queda dos títulos da companhia e ao acionamento de cláusulas de vencimento antecipado em Certificados de Operações Estruturadas (COEs) de crédito vinculados à Ambipar.

Investidores Sofrem Perdas com COEs da Ambipar e Braskem

Em paralelo aos problemas de dívida com o Deutsche Bank, a Ambipar esteve no centro de outra polêmica envolvendo Certificados de Operações Estruturadas (COEs). No início do mês, investidores de COEs ligados à Ambipar e à Braskem registraram perdas significativas, chegando a 93% do valor investido, conforme comunicados de XP e BTG Pactual.

  • Os COEs são investimentos que agregam diversos ativos financeiros, funcionando como um pacote que acompanha o desempenho de ações, moedas, índices e taxas de juros, com riscos e retornos pré-definidos.

No caso específico da Ambipar e Braskem, os COEs eram do tipo crédito, atrelados a títulos de dívida emitidos pelas próprias empresas. A deterioração financeira das companhias provocou uma desvalorização acentuada desses títulos no mercado, resultando em prejuízos consideráveis para os investidores. Muitos COEs foram liquidados antecipadamente, com os investidores recebendo quantias muito inferiores ao capital aplicado, como 6,88% no caso da Ambipar.

Sede da Ambipar em Nova Odessa, onde fica o posto de combustível próprio da empresa.
Instalações da Ambipar.

B3 Exclui Ações da Ambipar de Índices

No dia seguinte à crise dos COEs, a B3 anunciou a retirada das ações da Ambipar de nove de seus índices. A empresa também perderá o selo de ações verdes, devido a preocupações crescentes sobre sua situação financeira e governança corporativa. A exclusão tornou-se efetiva após o fechamento do mercado em 15 de outubro, com a participação da Ambipar sendo realocada entre outras empresas.

A B3 justificou a decisão com base em suas regras internas, que visam manter a integridade e a representatividade dos índices. A medida reflete a instabilidade gerada pelas recentes crises financeiras enfrentadas pela companhia.

Fonte: G1

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