Ambipar: Dívidas em Recuperação Judicial Somam R$ 10,5 Bilhões

Dívidas da Ambipar em recuperação judicial chegam a R$ 10,5 bilhões. Santander e Banco do Brasil são os maiores credores. Entenda o caso.
Dívidas Ambipar Recuperação Judicial — foto ilustrativa Dívidas Ambipar Recuperação Judicial — foto ilustrativa

A Ambipar informou à Justiça do Rio de Janeiro que suas dívidas em recuperação judicial alcançam R$ 10,481 bilhões. Desse montante, R$ 10,439 bilhões são classificados como quirografárias, ou seja, sem garantias específicas vinculadas. O pedido de recuperação judicial detalha que R$ 35,9 milhões referem-se a dívidas com fornecedores e R$ 6,3 milhões a passivos trabalhistas.

Principais Credores Financeiros da Ambipar

A companhia acumula aproximadamente R$ 2 bilhões em dívidas com instituições financeiras. O Santander figura como o principal credor, com R$ 663 milhões, seguido pelo Banco do Brasil, que possui um crédito de R$ 352 milhões. Outras instituições financeiras com exposição significativa incluem o Banco do Nordeste (R$ 207 milhões), o Deutsche Bank (R$ 188 milhões, originados de derivativos), o Bradesco (R$ 165 milhões) e bancos de médio porte como Daycoval (R$ 109 milhões) e ABC Brasil (R$ 56 milhões).

https://www.youtube.com/watch?v=EXAMPLE_ID

Vídeo sobre recuperação judicial de empresas.

Acusações e Contratos de Derivativos

No documento apresentado à Justiça, a Ambipar reitera as acusações contra seu ex-CFO, João Arruda, atribuindo a ele a responsabilidade pela assinatura de aditivos em contratos de derivativos com o Deutsche Bank. A empresa alega que essas ações pressionaram a companhia a buscar proteção contra credores em 25 de setembro. O Estadão busca contato com a Defesa de Arruda para obter sua versão dos fatos.

A narrativa da Ambipar descreve a trajetória de João Arruda desde sua saída do Bank of America até a alegada alteração no contrato de derivativos do Deutsche Bank. Segundo a empresa, essa mudança, que deveria servir como proteção cambial para os bonds emitidos pela Ambipar, teria ocorrido sem o conhecimento dos demais executivos da companhia.

O Desencadeamento da Crise Financeira

O pedido de recuperação judicial detalha que a decisão do Deutsche Bank de exigir uma chamada de margem de R$ 170 milhões em um derivativo específico gerou desconfiança no mercado sobre a saúde financeira e a liquidez da Ambipar. Esse movimento, por sua vez, desencadeou uma onda de cobranças por parte de outros credores.

A empresa argumenta que o não pagamento dessa exigência do Deutsche Bank poderia levar ao vencimento antecipado de uma dívida de US$ 35 milhões com o banco alemão, além de disparar o vencimento de bonds e debêntures. Logo após a ação do Deutsche Bank, o Santander declarou o vencimento antecipado de US$ 120 milhões (aproximadamente R$ 650 milhões na cotação atual), exigindo o pagamento em um prazo de 24 horas.

Os advogados da Ambipar ressaltam no pedido que a ausência de uma medida judicial resultaria em um efeito cascata, com outros bancos replicando a mesma atitude e provocando o vencimento antecipado de toda a dívida do Grupo Ambipar. A estratégia de buscar a recuperação judicial visa, portanto, evitar o colapso financeiro iminente.

Estrutura da Dívida e Caixa da Empresa

Da dívida total, os maiores credores da Ambipar são os detentores de títulos de dívida (bonds) emitidos no exterior, totalizando US$ 1 bilhão (equivalente a R$ 5,4 bilhões na taxa de câmbio de terça-feira). Em seguida, vêm os investidores de debêntures, com um montante de R$ 3 bilhões.

Uma das principais incógnitas do mercado reside no destino do caixa de R$ 4,7 bilhões que a Ambipar reportou em seu balanço do segundo trimestre, dos quais R$ 2 bilhões eram considerados de disponibilidade imediata. Essa questão é central na análise da capacidade da empresa de honrar seus compromissos futuros, mesmo sob o regime de recuperação judicial.

Competência Judicial e Sede da Empresa

A defesa da Ambipar argumenta pela manutenção do processo na Justiça do Rio de Janeiro, apresentando evidências fotográficas da sede da companhia na capital fluminense. A empresa contesta as provas apresentadas pelos bancos credores, que buscavam a transferência do caso para São Paulo.

A tese de que a sede principal da Ambipar está localizada no Rio de Janeiro é corroborada por um parecer do professor e ex-juiz da vara de falências de São Paulo, Daniel Carnio. A manutenção do caso no Rio é considerada crucial para a estratégia jurídica da empresa.

Fonte: Estadão

Adicionar um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Imagens e vídeos são de seus respectivos autores.
Uso apenas editorial e jornalístico, sem representar opinião do site.

Precisa ajustar crédito ou solicitar remoção? Clique aqui.

Publicidade