Javier Milei, o recém-eleito presidente da Argentina, demonstrou seu apreço por figuras-chave do liberalismo econômico ao prestigiar Rolf Lüders, um dos últimos economistas associados ao legado de Milton Friedman e aos originais “Chicago Boys”. O encontro ocorreu em 2019, em Santiago, no Chile, em um contexto onde Milei ainda não havia conquistado a presidência, mas já demonstrava interesse pelas estratégias econômicas que moldaram o Chile.
Durante a conversa, Milei absorveu os ensinamentos de Lüders sobre a transformação do Chile em um modelo de livre Mercado, um processo liderado por economistas da Universidade de Chicago há mais de cinquenta anos. Essa influência é vista hoje nas políticas de “terapia de choque” que Milei tem implementado na Argentina, um país marcado por crises econômicas recorrentes.
O Legado dos Chicago Boys e a Visão de Milei
Os “Chicago Boys” foram um grupo de economistas chilenos treinados na Universidade de Chicago sob a tutela de Milton Friedman e Arnold Harberger. Na década de 1970, eles foram fundamentais na implementação de políticas de liberalização econômica no Chile, que incluíram privatizações, desregulamentação e controle inflacionário. Embora controversas, essas políticas são creditadas por muitos por terem estabilizado a economia chilena e promovido um crescimento significativo a longo prazo.
A admiração de Milei por esse modelo sugere uma forte inclinação para reformas estruturais profundas. Sua retórica de “anarcocapitalismo” e sua abordagem de “terapia de choque” indicam uma disposição para implementar medidas drásticas, que podem incluir cortes de gastos públicos, privatizações e desregulamentação intensiva, visando reequilibrar as Finanças públicas argentinas e combater a inflação persistente.
A Advertência de Rolf Lüders
Apesar da afinidade ideológica, Rolf Lüders, como um dos últimos a vivenciar de perto a implementação dessas políticas, pode trazer uma perspectiva de cautela. A história dos “Chicago Boys” no Chile não foi isenta de desafios e Críticas, incluindo o aumento da desigualdade social e a concentração de renda em determinados períodos. A advertência de Lüders para Milei provavelmente reside na necessidade de equilibrar a “terapia de choque” com medidas sociais que mitiguem os impactos negativos sobre a população mais vulnerável.
A experiência chilena serve como um estudo de caso valioso para a Argentina atual. A transição para um modelo de livre mercado exige não apenas reformas macroeconômicas, mas também uma gestão cuidadosa das consequências sociais e políticas. A forma como Milei navegará esses desafios determinará o sucesso de sua agenda e a estabilidade futura da Argentina.
Fonte: Bloomberg
