Airbnb: De colchonetes a hotelaria, a busca por um novo ciclo de crescimento

Airbnb expande negócios para além de hospedagem, incluindo hotéis e experiências, enquanto explora o potencial da IA para impulsionar o crescimento.
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Brian Chesky, cofundador do Airbnb em 2007, personificava o espírito empreendedor de um jovem designer. Hoje, o CEO de 44 anos, impecavelmente vestido de preto, lidera uma empresa madura que busca transcender sua oferta original de acomodações.

O Airbnb, com mais de 8 milhões de anúncios globais, atingiu uma margem operacional de 21% no segundo trimestre e anunciou recompra de ações de US$ 6 bilhões. Seu Valor de mercado de US$ 78 bilhões supera o da Marriott, a maior rede hoteleira do mundo.

Apesar da solidez financeira, investidores alertam para uma desaceleração no crescimento, com um aumento de apenas 10% nas reservas nos 12 meses anteriores a junho. As ações caíram 11% no último ano, impulsionando a busca por novos mercados, produtos e tecnologias.

As origens e a expansão precoce do Airbnb

A jornada do Airbnb começou com a ideia simples de alugar colchões infláveis na sala de estar de Chesky em São Francisco. O modelo de negócios para conectar viajantes a anfitriões se expandiu globalmente, mas o frenesi de crescimento pré-pandêmico levou a empresa a se aventurar além da hospedagem.

Em 2016, o Airbnb lançou um mercado de “experiências”, como passeios guiados, e em 2019, um estúdio de cinema. Essa expansão agressiva resultou em um aumento de custos de 45% em 2019, mesmo com a desaceleração da Receita, levando Chesky a refletir sobre o caos e a necessidade de um controle mais rigoroso.

As lições aprendidas, como a importância do controle de decisões, atenção aos detalhes e uma equipe enxuta, moldaram a Liderança de Chesky, inspirando até mesmo o conceito de “modo fundador” de investidores como Paul Graham.

O impacto da pandemia e a recuperação do Airbnb

A pandemia da COVID-19 forçou uma reavaliação. Chesky demitiu um quarto dos funcionários, fundiu divisões e suspendeu a expansão de experiências. Apesar dos desafios, a estreia na bolsa em dezembro de 2020 foi um sucesso estrondoso.

Com a retomada das viagens, o Airbnb experimentou um rápido crescimento, focando em corrigir falhas de transparência nas taxas, qualidade dos anúncios e atendimento ao cliente.

Novos horizontes: além da hospedagem

Atualmente, o Airbnb enfrenta um cenário de crescimento mais lento. Fatores como a instabilidade das tarifas de viagens e restrições impostas por autoridades em cidades como Paris e Nova York, preocupadas com o impacto no Mercado imobiliário, além da concorrência acirrada, pressionam a empresa.

Para reverter essa tendência, o Airbnb está expandindo sua oferta para além dos cinco mercados principais (América, Austrália, Reino Unido, Canadá e França). Iniciativas como marketing local e opções de pagamento flexíveis têm impulsionado o crescimento em mercados emergentes como o Brasil e a Índia, onde as reservas crescem três vezes mais rápido.

A empresa também está entrando no mercado de reservas de hotéis, buscando atrair viajantes a negócios e diversificar sua base de clientes. Essa estratégia visa aumentar a penetração no mercado, já que apenas uma em cada dez noites de americanos fora de casa ocorre em um Airbnb.

Além disso, o Airbnb volta a explorar o setor de serviços com um aplicativo atualizado que inclui experiências como aulas de culinária e treinamento físico. Recursos sociais para conectar usuários e possíveis futuras ofertas de aluguel de carros e programas de fidelidade indicam uma estratégia de diversificação contínua.

Desafios e o papel da Inteligência Artificial

Apesar das novas frentes, o Airbnb enfrenta ceticismo. Concorrentes como Viator oferecem um leque maior de experiências, e ferramentas como o ClassPass proporcionam alternativas mais acessíveis para atividades físicas. A pesquisa por serviços locais, como cabeleireiros, muitas vezes migra para plataformas como o Google.

A ascensão da inteligência artificial (IA) representa outro desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade. Uma parcela crescente de consumidores utiliza ferramentas como o ChatGPT para planejar viagens, e a integração desses serviços pode mudar a forma como as reservas são feitas.

Embora o Airbnb tenha evitado, até o momento, a integração direta de IA conversacional como o ChatGPT em suas reservas, Chesky vislumbra um futuro onde a IA aprimore a experiência do usuário, transformando o aplicativo em uma plataforma conversacional que compreenda profundamente as necessidades dos usuários.

Chesky acredita que a tecnologia pode reforçar o apelo do Airbnb, incentivando experiências no mundo real em um contexto de crescente interação digital. A grande questão para o futuro é se os usuários buscam um movimento transformador ou simplesmente um lugar para descansar.

Fonte: Estadão

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