Coalizão Acelera Agricultura Regenerativa Tropical no Brasil e Busca Liderança Global

Nova coalizão Riac visa acelerar agricultura regenerativa tropical no Brasil, buscando liderança global e apresentando soluções na COP-30. Saiba mais!
Agricultura Regenerativa Tropical — foto ilustrativa Agricultura Regenerativa Tropical — foto ilustrativa

Seis das principais organizações de pesquisa e suporte para políticas do setor do agro no Brasil anunciaram nesta quinta-feira, 23, a criação da Rede de Inteligência em Agricultura e Clima (Riac). Esta coalizão visa posicionar o País como líder na transição global para uma agricultura regenerativa.

Dentro da rede, lançada às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30), estão a FGV Agro, Insper Agro Global, FDC Agroambiental, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Agroicone e Instituto Equilíbrio. As entidades contam com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS) e da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.

Agricultura Regenerativa Tropical: O Foco da Riac

Com as atividades do Riac, as instituições focam em acelerar políticas no Brasil em torno da chamada agricultura tropical regenerativa. Este método combina produtividade com práticas agrícolas de baixo carbono e proteção da Biodiversidade, adaptado às características geográficas e climáticas do território tropical.

Segundo Ludmila Rattis, pesquisadora da FDC e do Ipam, a iniciativa surge de uma “urgência de cooperação” entre as instituições para produzir estratégias conjuntas “baseadas em evidências técnicas e científicas, e não tanto em narrativas”. “Por muito tempo, esse debate ficou paralisado em uma falsa dicotomia entre produzir e conservar. Mas agora, com a rede, queremos construir uma terceira via pragmática, baseada em ciência.”

Ações Estratégicas para a COP-30 e o Diálogo Global

Uma das principais ações da rede, explica Rattis, é o diálogo com os setores público e privado durante a COP-30, com a participação do ex-ministro da agricultura Roberto Rodrigues. As instituições realizaram revisões técnicas de um documento único que será apresentado por Rodrigues na conferência.

Para ampliar as estratégias de debate, a Riac tem como pilar o apartidarismo político. “(Queremos) a neutralidade política para pautar o diálogo, porque queremos atuar com independência e imparcialidade para construir consenso entre os diferentes atores”, afirma Rattis.

Outro ponto estratégico é o diálogo Internacional. Os estudos produzidos pelas entidades da rede já estão disponíveis na plataforma da Riac em inglês. Na COP, os representantes da rede buscam realizar uma consulta entre países produtores sobre o Índice de Agricultura Regenerativa Tropical, da FDC, que deve se tornar global em dois anos. “Usaremos essa oportunidade para sentar com 16 países produtores agrícolas nos trópicos, mostrar esse arcabouço e entender se funciona para eles ou não”, conclui Rattis.

Imagem da logo da Era do Clima - Economia Verde
Logo da Era do Clima – Economia Verde.

Brasil como Referência Global em Agricultura Regenerativa Tropical

Os argumentos que levam a Riac a defender a liderança global do Brasil em agricultura tropical regenerativa vêm acompanhados dos números da pesquisa Diagnóstico e reposicionamento político-estratégico da agricultura tropical, primeiro estudo da rede, organizado pelo Insper Agro Global.

Segundo o estudo, países tropicais (América do Sul, África Subsaariana e Sudeste Asiático) são um pilar considerável na segurança alimentar global, concentrando 40% das terras aráveis e 52% da água doce do planeta. No entanto, enfrentam desafios tecnológicos e econômicos que limitam o aproveitamento desses recursos.

O Brasil se destaca como exceção e referência global, com 13% da água doce mundial e 58,25 milhões de hectares de terras aráveis. O País aproveita esses recursos para produção agrícola com tecnologias próprias, adaptando cultivos e sistemas produtivos às condições tropicais e preservando a fertilidade do solo.

Entre 1974 e 2024, a produção brasileira de grãos cresceu de 24 milhões para 317 milhões de toneladas, um avanço médio anual de 4,7%, o mais alto entre as regiões tropicais. Essa evolução foi impulsionada por políticas públicas de longo prazo em pesquisa, crédito, extensão rural e infraestrutura.

Tecnologias e o Futuro da Agricultura Regenerativa

A posição estratégica do Brasil na agricultura regenerativa tropical se consolida por tecnologias como sistemas integrados de produção, agricultura de baixo carbono e de precisão, uso de biofertilizantes e recuperação de pastagens degradadas, explica o coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank.

“Nesse momento, nós estamos vendo uma revolução acontecendo no uso de biológicos, no uso de agricultura de precisão, no uso de drones. O objetivo hoje é otimizar, é produzir mais utilizando menos recurso natural. E isso vem acontecendo naturalmente pelo mercado, sem precisar muito (de intervenção) do governo. Conversão de pastagem degradada em produtiva já vem acontecendo há um bom tempo por razões econômicas”, exemplifica Jank.

A Riac defende que o Brasil exporte modelos replicáveis de produção regenerativa para outros países tropicais, especialmente para a África Subsaariana. A proposta é fortalecer laços com países da América Latina, África e Ásia para construir uma agenda conjunta de segurança alimentar, sustentabilidade e inovação tropical, reposicionando o conceito de agricultura tropical no debate internacional. “Se não se produzir aqui no Brasil, você vai produzir na zona tropical em países com muito menos condições de ter bons resultados. É justamente por isso que temos de estudar mais a fundo”, conclui Jank.

Fonte: Estadão

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