Agricultura Regenerativa: Brasil Prepara Campo para COP-30

A agricultura regenerativa ganha força no Brasil rumo à COP-30, com iniciativas como o programa Reverte recuperando áreas degradadas sem desmatamento.
Agricultura Regenerativa — foto ilustrativa Agricultura Regenerativa — foto ilustrativa

O Brasil detém um potencial agrícola imenso, com cerca de 80 milhões de hectares de pastagens apresentando algum grau de degradação. Desses, estima-se que 40 milhões possam ser convertidos em áreas produtivas sem a necessidade de desmatamento, um dado que sublinha o protagonismo da agricultura regenerativa.

Segundo Filipe Teixeira, diretor sênior de sustentabilidade e Assuntos Corporativos da Syngenta Brasil, a agricultura sustentável vai além da produção com menor impacto ambiental. Ela foca na recuperação e revitalização dos recursos naturais. “É uma agricultura que busca regenerar, utilizar da melhor forma os recursos, e não apenas explorar o solo. A agricultura tropical brasileira, por suas características, já é regenerativa por natureza”, afirma Teixeira, ressaltando que muitos produtores já adotam práticas sustentáveis há décadas.

Brasil na Vanguarda Climática

Teixeira vê a COP-30, que ocorrerá no Brasil, como uma oportunidade ímpar para demonstrar que a agricultura brasileira é parte da solução climática. “O fato de o evento acontecer no Brasil nos dá a chance de apresentar o que temos feito em termos de agricultura sustentável e regenerativa.”

Programa Reverte: Transformando Áreas Degradadas

Para impulsionar a regeneração agrícola, a Syngenta, em Parceria com a The Nature Conservancy (TNC) e o Itaú BBA, lançou em 2019 o programa Reverte. A iniciativa visa recuperar pelo menos 1 milhão de hectares de áreas degradadas, principalmente no Cerrado, até 2030, convertendo-as em áreas produtivas.

“O diferencial do Reverte é justamente permitir a expansão da agricultura sem derrubar uma árvore”, explica Teixeira. “O agricultor pode produzir mais e melhor, recuperando o solo e melhorando sua rentabilidade.” O modelo integra critérios técnicos, socioambientais e financeiros, com financiamento de longo prazo estruturado pelo Itaú BBA, podendo chegar a dez anos com carência de três.

As principais culturas nas áreas recuperadas incluem soja e milho, com expansão para cana-de-açúcar e citros. O acompanhamento Técnico e o monitoramento contínuo são cruciais para garantir a regeneração do solo e o aumento da produtividade.

Reconhecimento Internacional e Financiamento Verde

O programa Reverte gera um efeito multiplicador, com fazendas participantes sendo certificadas pela Sustainable Agriculture Initiative Platform (SAI). Teixeira destaca que as práticas adotadas, muitas desenvolvidas pela Embrapa desde os anos 1970, como o plantio direto e a integração lavoura-pecuária, são referências mundiais.

O executivo enfatiza o papel do financiamento verde como essencial para a transição sustentável no agronegócio. “Não é viável exigir que o agricultor arque sozinho com todo o investimento. Precisamos de mecanismos financeiros que viabilizem essa transição”, declara, citando programas como EcoInvest e Caminho Verde.

O Desafio Financeiro da Sustentabilidade

Um dos grandes desafios da COP-30, segundo Teixeira, será definir como financiar a sustentabilidade em larga escala. “O consumidor quer alimentos e produtos sustentáveis, mas ainda não existe um valor financeiro agregado a isso que retorne ao agricultor. O grão produzido com técnicas regenerativas ainda é pago como um grão comum. Precisamos encontrar modelos que recompensem quem faz a diferença”, pontua.

Com o Brasil na presidência da COP, Teixeira vê a oportunidade de avançar neste debate. “A COP não termina em Belém. Ela começa aqui. Teremos um ano para construir soluções de financiamento que tornem a sustentabilidade economicamente viável. Esse é o caminho para transformar o agro e garantir um futuro de prosperidade e equilíbrio para o País.”

Fonte: Estadão

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