O Banco da Reserva da África do Sul (o banco central do país) sinalizou que as autoridades podem aproveitar a força do rand para aumentar as reservas internacionais, caso surja a oportunidade. O presidente da instituição, Lesetja Kganyago, destacou a melhora na posição financeira sul-africana e pediu às agências de Classificação de crédito que reconheçam esse avanço.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2025/3/i/q1FhfqQRmhiQ9gclUV2g/442068828.jpg" alt=""><figcaption></figcaption></figure>)
Embora a África do Sul opere com câmbio flutuante e não defina metas para a moeda, o banco central consideraria a compra de dólares ou euros a preços considerados vantajosos para fortalecer suas reservas. “Se surgir a oportunidade de continuarmos a aumentar nossas reservas, faremos isso”, declarou Kganyago a investidores em Joanesburgo. “O nível de reservas que temos agora, considerando uma série de métricas, é de fato adequado.”
Melhora na Confiança dos Investidores
Os ativos sul-africanos têm atraído o interesse de investidores nos últimos meses. Essa atratividade foi impulsionada, em parte, pelo anúncio em julho de que a autoridade monetária buscaria manter a inflação dentro da meta de 3% a 6%. Tal cenário contribuiu para a queda dos rendimentos dos títulos do Governo e para uma valorização de 8% do rand em relação ao dólar neste ano.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2025/3/i/q1FhfqQRmhiQ9gclUV2g/442068828.jpg)
Revisão das Classificações de Risco
A melhora no sentimento do Mercado também se deve à percepção de que a economia sul-africana, a mais industrializada do continente, deveria ter sua classificação de crédito soberano revista. Kganyago argumentou que, após perder o grau de investimento há anos, o país tem progredido significativamente no controle da dívida pública e na implementação de reformas econômicas voltadas ao crescimento.
“Precisamos de uma conversa diferente com as agências de classificação de risco”, defendeu o presidente do banco central, citando a atual política fiscal e monetária prudente e o programa de reformas estruturais em andamento. Kganyago lembrou que, quando a última agência rebaixou o país em 2020, a previsão era de que a dívida em relação ao PIB atingiria 94% até 2025, um patamar muito superior ao atual.
Avanços Fiscais e Econômicos
A África do Sul registrou seu primeiro superávit orçamentário primário — Receita superando despesas, excluindo juros — consecutivo em 16 anos no ano fiscal encerrado em março de 2025. A relação dívida/PIB deve atingir um pico de 77,4% no atual ano fiscal, segundo o Tesouro Nacional. Esses dados indicam uma tendência modesta de gastos e maior arrecadação, impulsionando as finanças públicas.
A Fitch Ratings, que classifica a África do Sul em BB- com perspectiva estável, prevê que o governo superará sua meta de Déficit fiscal. O Tesouro Nacional projeta um déficit orçamentário primário de 4,6% do PIB para o ano fiscal de 2026, ligeiramente acima da previsão de 4,4% da Fitch. A melhora fiscal é atribuída a ganhos de eficiência na Receita Federal sul-africana, maior arrecadação de impostos do setor de mineração e contenção de despesas primárias.
A recuperação das finanças públicas ocorre em paralelo a reformas estruturais que buscam reanimar uma economia com crescimento médio inferior a 1% ao ano na última década. O ministro das Finanças, Enoch Godongwana, apresentará previsões econômicas revisadas em 12 de novembro.
Fonte: Valor Econômico