O programa Reforma Casa Brasil, lançado pelo Governo, visa preencher a lacuna deixada pelo antigo Construcard, linha de financiamento para materiais de construção suspensa pela Caixa Econômica Federal em 2019. A expectativa do setor é que essa nova iniciativa revitalize as vendas, que foram impactadas negativamente pelos juros elevados nos últimos meses.
A comercialização de materiais de construção é altamente dependente do Acesso a crédito. Com a escassez de opções como empréstimos pessoais e cartões de crédito, a iniciativa do governo surge como um alívio.
Impacto no Setor de Materiais de Construção
Paulo Engler, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), expressou otimismo com o novo programa. “É algo extremamente positivo para o setor. Se deslanchar em novembro e dezembro, pode trazer alguma movimentação importante ainda este ano”, afirmou. Caso o programa atinja as metas previstas, as projeções de vendas podem precisar ser revistas para cima.
Em setembro, a Abramat já havia reduzido sua previsão de crescimento para o setor em 2025, de 2,8% para 1,8%, diante da desaceleração observada no início do segundo semestre. O novo programa pode reverter essa tendência, trazendo um impacto positivo para as vendas.
Otimismo do Varejo e da Indústria
Cássio Tucunduva, presidente da Associação dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), ressaltou o momento desafiador enfrentado pelo setor devido aos juros altos, que resultaram em retração nas vendas nos últimos dois meses. “O programa tem a total possibilidade de reverter isso”, disse, prevendo uma alta de 2,6% no faturamento do varejo de materiais em 2025.
Fernando Guedes, presidente executivo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), destacou o potencial do Reforma Casa Brasil em estimular uma cadeia produtiva ampla, beneficiando desde pequenos comércios até fabricantes e profissionais autônomos. “Cada obra de reforma movimenta o comércio local e gera ocupação imediata”, declarou.
O Vácuo Deixado Pelo Construcard
Representantes da indústria e do comércio enfatizaram a importância de haver novamente uma linha de financiamento específica. O Construcard, por muitos anos, foi a principal opção para pessoas físicas financiarem construção, reforma e ampliação de imóveis, com parcelamentos de até 240 meses. Sua Suspensão deixou um vazio significativo no mercado.
“O Construcard sempre é relembrado, pois teve função importante para o setor lá atrás. A população está há bastante tempo sem acesso a algo assim, principalmente as pessoas de menor renda”, disse o presidente da Abramat.
O programa atual visa atender famílias com rendas de até R$ 3,2 mil (faixa 1) e R$ 9,6 mil (faixa 2). As taxas de juros serão de 1,17% a 1,95% ao mês, com parcelamento em até 60 meses. O valor das parcelas será limitado a 25% da renda familiar.
Riscos de Endividamento
Apesar do entusiasmo do setor, Marc Stalder, sócio do Demarest Advogados, alerta que o programa pode representar um novo caminho para o endividamento da população, que já se encontra em patamares elevados. “Do ponto de vista jurídico e regulatório, a iniciativa (…) revela mais um caminho para o endividamento da população”, comentou.
Stalder ressaltou a necessidade de clareza sobre os requisitos para contratação, como a comprovação de propriedade do imóvel e a exigência de garantias. A efetividade do programa dependerá da regulamentação e da implementação prática, especialmente no que tange à segurança jurídica dos contratos e à fiscalização da destinação dos recursos.
Fonte: Estadão
