Febraban alerta: Abertura financeira trouxe proliferação de instituições vulneráveis

Febraban critica casas de apostas (bets) e alerta sobre proliferação de instituições financeiras vulneráveis após abertura do mercado..
Presidente da Febraban, Isaac Sidney, em evento sobre prevenção à lavagem de dinheiro e crítica às bets. Presidente da Febraban, Isaac Sidney, em evento sobre prevenção à lavagem de dinheiro e crítica às bets.

Apesar dos benefícios da abertura do Mercado financeiro para a competição, ela também resultou na proliferação de instituições financeiras utilizadas pelo crime organizado, conforme avaliou Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Investigações recentes evidenciaram esse cenário, com destaque para a atuação de casas de apostas online, as chamadas bets.

No final de agosto, uma grande operação contra um esquema bilionário do crime organizado atingiu a Faria Lima. O Ministério Público de São Paulo, a Receita Federal e a Polícia Federal deflagraram três operações simultâneas — Carbono Oculto, Tank e Quasar — revelando que instituições financeiras e fundos de investimento foram empregados para lavagem de dinheiro. A Febraban exige que o mesmo rigor de supervisão do Banco Central (BC) aplicado aos bancos seja estendido a todos os participantes do mercado.

Presidente da Febraban, Isaac Sidney, em evento sobre prevenção à lavagem de dinheiro.
Isaac Sidney, presidente da Febraban, discursa em congresso.

Risco na Legalização de Apostas e Proliferação de Instituições

“É importante para a competição, é importante para a concorrência a abertura da indústria financeira”, afirmou Sidney durante um congresso da Febraban focado na prevenção à lavagem de dinheiro. “Por outro lado, nós temos uma proliferação de instituições que já se mostraram frágeis e vulneráveis no enfrentamento do crime organizado.” Ele enfatizou que os bancos operam sob a rigorosa supervisão do Banco Central (BC) e que o mesmo padrão de exigência deve ser aplicado a todos os participantes do mercado. “Aqueles que não querem, o recado é claro, não são bem-vindos ao lado dos bancos. Também quero crer que essa é a posição do poder público.” Sidney também expressou sua discordância com a legalização das casas de apostas online, as chamadas bets, argumentando que o Estado “errou a mão ao legalizar os jogos”. Para ele, essa decisão ampliou os riscos relacionados ao crime organizado e à lavagem de dinheiro. “O papel dos bancos diante disso é de vigilância absoluta e total intransigência com recursos de risco em jogos de apostas.”

Coaf Destaca Importância da Integração na Segurança Financeira

Logo após o pronunciamento do presidente da Febraban, Ricardo Saadi, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), falou no evento. Saadi, que assumiu o órgão em junho, mencionou que sua escolha, como delegado da Polícia Federal, ocorreu em um contexto onde o crime organizado intensifica sua atuação dentro do sistema financeiro. “A atuação do Coaf é extremamente importante no combate ao crime. O Coaf, tendo colegas da polícia com experiência no combate à criminalidade, eventualmente pode atuar fielmente nesta questão”, disse.

O presidente do Coaf alertou que novas tecnologias, como inteligência artificial (IA) e criptoativos, também estão sendo exploradas por criminosos. “Como podemos garantir que a inovação e a abertura possam conviver conosco sem que possamos abrir mão da segurança? É um movimento que temos que fazer com cuidado”, declarou, ressaltando a importância de uma gestão de risco proativa e da integração entre Estado e instituições privadas. Saadi também mencionou que os bancos foram procurados pelo Coaf devido à sua “credibilidade”. “Fomos conversar com alguns setores. Sem dúvida nenhuma, um dos primeiros setores que nós conversamos foi com o setor bancário, porque nós não queríamos fazer Parceria com alguém que não tivesse credibilidade”, concluiu.

Fonte: Valor Econômico

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