Ivo Herzog critica anistia a presos do 8 de Janeiro: ‘Justiça pacifica’

Ivo Herzog critica anistia a presos do 8 de Janeiro, defendendo que pacificação exige justiça. Leia análise e próximos passos.
Ivo Herzog anistia 8 de Janeiro — foto ilustrativa Ivo Herzog anistia 8 de Janeiro — foto ilustrativa

Ivo Herzog, presidente do Conselho do Instituto Vladimir Herzog e filho do jornalista assassinado durante a ditadura, manifestou forte oposição a propostas de anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Em participação no programa Roda Viva, ele enfatizou que a pacificação do Brasil requer um processo judicial rigoroso.

“A gente tem que pacificar, mas a pacificação passa por um processo de Justiça. O País tem que ter justiça”, declarou Herzog. Ele questionou a ideia de perdão para aqueles que não admitem a prática de erros: “A anistia significa perdão, né? Sempre entendendo que a gente perdoa quem admite que fez alguma coisa errada. É complicado você falar em perdão de quem nem admite que fez coisa errada”, ponderou sobre os envolvidos nos atos golpistas.

Ivo Herzog em entrevista, criticando anistia para envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Ivo Herzog se manifestou contra anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

Proposta de Anistia na Câmara

A proposta de anistia para os envolvidos no 8 de Janeiro avança na Câmara dos Deputados sob regime de urgência. O projeto, designado ao relator Paulinho da Força (Solidariedade), busca a redução de penas e foi apelidado de “PL da Dosimetria”. O parecer do relator ainda não foi apresentado.

Riscos para a Democracia

Herzog alertou que a possibilidade de anistia pode encorajar novas tentativas de ruptura democrática. “Desde que se tornou uma República o Brasil já teve mais de uma dezena de tentativas de golpe ou golpes. O que essas ações têm em comum é a participação dos militares e o perdão, ou seja, esse perdão é um passaporte para eles continuarem tentarem tentando fazer rupturas”, argumentou.

Atraso no Julgamento da Lei de Anistia

Ele também comentou a demora na tramitação da ADPF 320, que pede ao Supremo Tribunal Federal (STF) a revisão da Lei de Anistia de 1979. Sob relatoria do ministro Dias Toffoli há mais de oito anos, Herzog considera o atraso uma continuidade da cultura de impunidade. A revisão, proposta pelo PSOL, visa impedir que a lei se aplique a crimes de graves violações de direitos humanos cometidos por agentes públicos e autores de crimes continuados ou permanentes, como o desaparecimento de pessoas.

Fragilidade Democrática

Questionado sobre a resiliência da democracia brasileira, Herzog admitiu que sua percepção mudou: “Eu acreditava uma coisa até dois, três anos atrás, mas a gente viu como no 8 de janeiro a gente chegou muito próximo de uma ruptura”, concluiu.

Fonte: Estadão

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