Senado vota regularização de terras em faixa de fronteira; entenda o projeto

Senado votará projeto de regularização de terras públicas em faixas de fronteira. Entenda os prazos e as novas regras de georreferenciamento.
Plenário do Senado em Brasília em votação de projeto de regularização de terras públicas em faixas de fronteira. Plenário do Senado em Brasília em votação de projeto de regularização de terras públicas em faixas de fronteira.

O plenário do Senado deve votar, na próxima semana, um projeto que regulamenta a ratificação de terras públicas localizadas em faixas de fronteira. A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) aprovou o texto em regime de urgência nesta terça-feira (21). O avanço da tramitação da matéria foi viabilizado por um acordo entre o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA).

Em agosto, o Congresso aprovou a extensão do prazo para os proprietários regularizarem fundiariamente terras públicas de fronteira. O limite, que terminaria em outubro deste ano, foi adiado para 2030.

Terras de Fronteira: Segurança Nacional e Regularização Fundiária

As terras em faixa de fronteira, localizadas em até 150 quilômetros das divisas do Brasil com outros países, são reguladas por lei especial devido à sua relevância para a segurança e a Defesa do país. Contudo, a regularização das concessões de terras públicas nessas regiões pelos Estados encontra-se em um cenário de insegurança jurídica.

Em diálogo com o Executivo, a relatora obteve a concordância para que a extensão do prazo até 2030 não fosse vetada por Lula. Em contrapartida, o projeto, já aprovado pela Câmara e aguardando deliberação do plenário do Senado, está sendo construído em conjunto com o governo, promovendo um diálogo sobre o tema.

O texto define que o proprietário da terra pública na região de fronteira deve apresentar o requerimento e o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) ao cartório. Este último será o responsável por analisar a cadeia dominial e poderá recorrer a certidões Estaduais, se necessário. A União tem até cinco anos para contestar judicialmente possíveis erros na cadeia dominial, que compreende o histórico completo das transmissões de propriedade de um imóvel desde sua origem.

Plenário do Senado em Brasília em votação de projeto.
Plenário do Senado deve votar projeto que trata de terras públicas em faixas de fronteira.

Georreferenciamento e Mudanças no Projeto

Um dos pontos de divergência entre a bancada agropecuária e o governo, o georreferenciamento se tornará obrigatório a partir de 2029 apenas para terras com mais de quatro módulos rurais fiscais. Para propriedades menores, o georreferenciamento será exigido quatro anos após a regulamentação da isenção de custos para esses proprietários pelo Executivo.

O texto também desobriga o georreferenciamento em operações de sucessão, divórcio, partilhas, atualizações cadastrais e garantias reais de propriedades. A exigência será aplicada somente em situações definitivas, como leilões e arrematações.

Próximos Passos e Possível Retorno à Câmara

Com a aprovação do regime de urgência pela CRA, o projeto será apreciado diretamente pelo plenário do Senado. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), comprometeu-se a colocá-lo em votação na próxima semana. Caso seja aprovado pelos senadores, a matéria retornará à Câmara dos Deputados, pois sofreu alterações no Senado.

O avanço desta pauta reforça o diálogo entre o Governo Federal e a bancada ruralista, buscando harmonizar interesses em temas sensíveis como a regularização fundiária em áreas estratégicas para o país.

Fonte: Valor Econômico

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