O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) encontra-se em um momento decisivo em sua carreira política, considerando a possibilidade de mudar de partido, com o PSB e o MDB entre as opções. Sua decisão final está atrelada aos planos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas Pacheco tem uma clara ambição: chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Embora Lula tenha decidido indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga no STF, Pacheco ainda nutre a esperança de uma reviravolta nesse cenário. Simultaneamente, o presidente Lula pressiona para que Pacheco concorra à sucessão do governador Romeu Zema (Novo) em 2026, já que o PT carece de um nome forte em Minas Gerais para garantir o apoio em seu palanque.
O dilema partidário em Minas
A situação partidária em Minas Gerais complica o futuro de Pacheco. O PSD, seu partido atual, filiará o vice-governador Mateus Simões no próximo dia 27 e já sinalizou que não apoiará Lula em 2026. Simões é visto como o nome preferencial de Romeu Zema, que deixará o cargo em abril de 2026 e planeja concorrer à presidência ou ao Senado.
Em outra frente, o PDT filiou o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, que também disputará o Governo mineiro. O cenário é completado por nomes como o deputado Nikolas Ferreira (PL) ou o senador Cleitinho (Republicanos) representando o bolsonarismo, e Aécio Neves pelo PSDB.
O PT enfrenta dificuldades em Minas Gerais, um dos maiores colégios eleitorais do país. A ausência de um candidato competitivo prejudica a campanha de Lula, e Pacheco, o nome cogitado pelo presidente, não demonstra entusiasmo pela empreitada. Em conversas privadas, Pacheco expressou que, caso não ingresse no STF, prefere retornar à advocacia em Belo Horizonte, sem intenção de buscar um novo mandato como senador, cujo término está previsto para janeiro de 2027.
A pressão de Lula e a intervenção de Alcolumbre
A cobiçada vaga no STF, antes ocupada pelo ministro Luís Roberto Barroso, tem sido alvo de discussões. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), após conversar com Lula, afirmou que o presidente mantém a convicção de indicar Messias para o STF e Pacheco para o governo de Minas. Wagner ressaltou a complexidade de tal manobra: “Tem muita futurologia aí, mas, evidentemente, se o Pacheco for candidato ao governo de Minas e não tiver sucesso, é claro que haverá gratidão a ele”, sugerindo uma futura indicação ao STF se a candidatura ao governo mineiro não for bem-sucedida, considerando a Aposentadoria de Luiz Fux em 2028.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tentou intervir junto a Lula, no Palácio da Alvorada, sugerindo a reconsideração da indicação de Pacheco para o STF, argumentando que sua experiência como presidente do Senado facilitaria a aprovação na CCJ.
Os próximos passos e o cenário político
Pacheco avalia que, se Lula realmente o quer como candidato ao governo de Minas, é crucial a construção de uma aliança sólida que sustente sua campanha, o que atualmente é inexistente, incluindo a Falta de tempo de TV.
Seu histórico no MDB e um convite para retornar ao partido são pontos a serem considerados, embora o MDB mineiro esteja alinhado ao bolsonarismo. O PSB, por outro lado, é uma sigla menor com menos recursos eleitorais e mais identificada com a esquerda. Pacheco busca o aval de Lula, sem se afastar do centro e mantendo o apoio do Centrão, um desafio complexo que exigirá a decisão do presidente após sua viagem à Ásia.
Fonte: Estadão