O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (21) pela reabertura da investigação contra o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, no âmbito da trama golpista. A decisão ocorreu durante o julgamento do núcleo quatro da tentativa de golpe de Estado, que apura a conduta do engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal (IVL), Carlos César Moretzsohn Rocha.
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Rocha foi contratado pelo PL para elaborar um relatório sobre as urnas eletrônicas utilizadas nas eleições de 2022. Com base nesse parecer, o partido protocolou uma representação junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após o segundo turno das eleições de 2022, pedindo a invalidação de votos em mais de metade das urnas. A intenção era manter o então presidente Jair Bolsonaro (PL) no cargo.
Alexandre de Moraes votou pela condenação de Rocha pelos crimes de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Em caso de maioria na Turma para a condenação do engenheiro, Moraes defende a abertura de novas investigações para apurar as condutas de Valdemar Costa Neto nos mesmos crimes. A decisão final sobre a reabertura da investigação ainda será tomada pela Primeira Turma do STF.
Contexto da Representação do PL
Segundo a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR), o IVL foi contratado pelo PL com o objetivo de analisar as urnas eletrônicas e identificar possíveis falhas. O relatório final emitido pelo IVL foi peça-chave na representação apresentada pelo partido ao TSE. Na ação, o PL solicitou a invalidação de 279 mil urnas, alegando inconsistências, com o intuito de assegurar um segundo mandato para Jair Bolsonaro e, ao mesmo tempo, manter os 99 deputados eleitos pela legenda no primeiro turno.
Na época, Moraes considerou a representação uma litigância de má-fé, pois o partido questionou apenas um turno das eleições, apesar de as urnas serem as mesmas. A Corte Eleitoral manteve a multa imposta ao PL e o bloqueio de suas contas bancárias.
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Análise de Moraes sobre a Ação do PL
Ao votar pela condenação de Rocha, o ministro Alexandre de Moraes qualificou a representação do PL como “uma das coisas mais bizarras que a Justiça Eleitoral já recebeu desde a sua criação”. Ele rebateu a alegação do partido de que a decisão da multa teria sido monocrática, afirmando que a sigla recorreu e o plenário do TSE manteve a caracterização de litigância de má-fé e a multa de R$ 22 milhões (1,5% do valor da causa).
“Diferentemente do que o PL mente recorrentemente que foi uma decisão monocrática, [eles] recorreram e o plenário do TSE manteve a alegação de litigância de má-fé e manteve também a multa”, declarou Moraes durante o julgamento do núcleo de desinformação da trama golpista. A Procuradoria-Geral da República (PGR) havia optado por não apresentar denúncia contra Valdemar Costa Neto em fevereiro de 2025, assim como contra outros três investigados.
Fonte: Valor Econômico