África do Sul: Banco Central vê oportunidade em dólar ‘barato’ para reservas

Banco Central da África do Sul estuda usar dólar ‘barato’ para expandir reservas. Entenda os motivos e os avanços econômicos do país.
Presidente do Banco da Reserva da África do Sul, Lesetja Kganyago, fala em conferência sobre a economia do país e a possibilidade de usar dólar barato para aumentar reservas. Presidente do Banco da Reserva da África do Sul, Lesetja Kganyago, fala em conferência sobre a economia do país e a possibilidade de usar dólar barato para aumentar reservas.

O Banco da Reserva da África do Sul (o banco central do país) sinalizou que as autoridades podem aproveitar a força do rand para aumentar as reservas internacionais, caso surja a oportunidade. O presidente da instituição, Lesetja Kganyago, destacou a melhora na posição financeira sul-africana e pediu às agências de Classificação de crédito que reconheçam esse avanço.

Embora a África do Sul opere com câmbio flutuante e não defina metas para a moeda, o banco central consideraria a compra de dólares ou euros a preços considerados vantajosos para fortalecer suas reservas. “Se surgir a oportunidade de continuarmos a aumentar nossas reservas, faremos isso”, declarou Kganyago a investidores em Joanesburgo. “O nível de reservas que temos agora, considerando uma série de métricas, é de fato adequado.”

Melhora na Confiança dos Investidores

Os ativos sul-africanos têm atraído o interesse de investidores nos últimos meses. Essa atratividade foi impulsionada, em parte, pelo anúncio em julho de que a autoridade monetária buscaria manter a inflação dentro da meta de 3% a 6%. Tal cenário contribuiu para a queda dos rendimentos dos títulos do Governo e para uma valorização de 8% do rand em relação ao dólar neste ano.

Presidente do Banco da Reserva da África do Sul, Lesetja Kganyago, fala em conferência sobre a economia do país.
Lesetja Kganyago, presidente do Banco Central sul-africano, destacou a necessidade de diálogo com agências de risco.

Revisão das Classificações de Risco

A melhora no sentimento do Mercado também se deve à percepção de que a economia sul-africana, a mais industrializada do continente, deveria ter sua classificação de crédito soberano revista. Kganyago argumentou que, após perder o grau de investimento há anos, o país tem progredido significativamente no controle da dívida pública e na implementação de reformas econômicas voltadas ao crescimento.

“Precisamos de uma conversa diferente com as agências de classificação de risco”, defendeu o presidente do banco central, citando a atual política fiscal e monetária prudente e o programa de reformas estruturais em andamento. Kganyago lembrou que, quando a última agência rebaixou o país em 2020, a previsão era de que a dívida em relação ao PIB atingiria 94% até 2025, um patamar muito superior ao atual.

Avanços Fiscais e Econômicos

A África do Sul registrou seu primeiro superávit orçamentário primário — Receita superando despesas, excluindo juros — consecutivo em 16 anos no ano fiscal encerrado em março de 2025. A relação dívida/PIB deve atingir um pico de 77,4% no atual ano fiscal, segundo o Tesouro Nacional. Esses dados indicam uma tendência modesta de gastos e maior arrecadação, impulsionando as finanças públicas.

A Fitch Ratings, que classifica a África do Sul em BB- com perspectiva estável, prevê que o governo superará sua meta de Déficit fiscal. O Tesouro Nacional projeta um déficit orçamentário primário de 4,6% do PIB para o ano fiscal de 2026, ligeiramente acima da previsão de 4,4% da Fitch. A melhora fiscal é atribuída a ganhos de eficiência na Receita Federal sul-africana, maior arrecadação de impostos do setor de mineração e contenção de despesas primárias.

A recuperação das finanças públicas ocorre em paralelo a reformas estruturais que buscam reanimar uma economia com crescimento médio inferior a 1% ao ano na última década. O ministro das Finanças, Enoch Godongwana, apresentará previsões econômicas revisadas em 12 de novembro.

Fonte: Valor Econômico

Adicionar um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Imagens e vídeos são de seus respectivos autores.
Uso apenas editorial e jornalístico, sem representar opinião do site.

Precisa ajustar crédito ou solicitar remoção? Clique aqui.

Publicidade