Guilherme Boulos, recém-anunciado como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência por Lula, tem uma trajetória marcada pela militância em movimentos de moradia e por episódios que o consolidaram como uma figura proeminente na esquerda brasileira. Sua nomeação como ministro gera atenção para seu histórico de controvérsias.





Trajetória e Atuação no Movimento de Moradia
Ex-líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Boulos já enfrentou processos judiciais e Críticas devido à sua atuação em protestos. Ele também se posicionou em casos de destaque no Congresso, como o processo por suspeita de “rachadinha” contra o deputado André Janones.
O novo ministro já foi candidato à prefeitura de São Paulo, em 2024, onde disputou contra Ricardo Nunes.

Os rótulos de invasor e radical frequentemente associados a Boulos estão ligados à sua Liderança por mais de duas décadas no MTST. O político coordenou invasões de terrenos e participou de manifestações sobre habitação, além de outros temas sociais, políticos e econômicos.
Um dos episódios relembrados é um protesto em que a fachada da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) foi depredada em 2016. Na época, Boulos declarou que a Fiesp defendia a destruição do povo brasileiro e que vidraças quebradas eram insignificantes diante do dano causado pela entidade ao trabalhador. Em sabatina posterior, ele atribuiu a declaração ao “calor da hora”.
Outro protesto notório do MTST com a presença de Boulos foi a invasão do escritório do Ministério da Fazenda em São Paulo, em 2015, contra o ajuste fiscal da então presidente Dilma Rousseff.

Currículo como Professor e Controvérsias
Boulos tem enfatizado seu currículo como professor para refutar alegações de que nunca trabalhou. No entanto, suas atuações na profissão foram esparsas, com inconsistências em relatos de experiência. Desde 2006, ele atuou como professor em períodos intervalados, com apenas um ano e meio de dedicação exclusiva na rede estadual paulista. Sua principal atuação na última década tem sido política, embora afirme não receber remuneração do MTST.
Em nota, Boulos declarou que trabalha desde 2006 como professor, pesquisador ou colunista, sempre de forma remunerada.
Caso do Tríplex de Lula e Processo Criminal
Em fevereiro de 2021, Boulos tornou-se réu sob acusação de ter invadido o tríplex em Guarujá (SP) ligado a Lula, associado à Operação Lava Jato em 2018. Acusado pelo MPF de organizar a ação, o processo foi trancado pela Justiça Federal em junho do mesmo ano, por falta de indícios mínimos.
Um processo criminal referente a dano qualificado ao patrimônio público, denunciado em 2013, prescreveu após a Justiça tentar localizar Boulos sem sucesso por seis anos. O promotor alegou o uso de “chicanas jurídicas” pelo então candidato para escapar da Justiça, enquanto a defesa negou, atribuindo a falha às tentativas de localização em endereços inadequados.

Relatório para Janones e Multas Eleitorais
Uma controvérsia recorrente é o relatório de Boulos, como membro do Conselho de Ética, que recomendou o arquivamento do processo por suspeita de “rachadinha” contra André Janones. O principal argumento foi que Janones ainda não havia tomado posse quando foi gravado solicitando a devolução de salários de auxiliares, embora o áudio sugira o contrário.
Boulos também foi condenado pela Justiça Eleitoral em junho de 2024, junto com Lula, por propaganda eleitoral antecipada. O pedido de voto feito por Lula para Boulos em um evento de 1º de Maio foi considerado irregular, resultando em multas para ambos. O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) manteve a decisão, e o caso seguiu para o TSE.
Detenções e Histórico Jurídico
Guilherme Boulos foi detido ao menos três vezes em decorrência de atividades do MTST. Em 2012, foi espancado e algemado durante a reintegração do bairro Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), sob alegação de destruição de patrimônio público. Em 2017, foi conduzido para averiguação em uma reintegração em São Mateus, zona leste de São Paulo, por desobediência.
A assessoria do político confirmou os dois primeiros casos como detenções indevidas e afirmou que Boulos “nunca foi condenado criminalmente em nenhum processo judicial”, com todos os casos arquivados pela Justiça.

Fonte: Folha de S.Paulo