O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), afirmou que Tarcísio de Freitas (Republicanos) precisa direcionar seu foco para o Centro político, e não para o bolsonarismo, se almeja apoio a uma eventual candidatura à Presidência em 2026. A declaração foi feita em São Paulo, antes de um almoço com empresários.
“Se o governador Tarcísio deseja ser candidato e ter o nosso apoio, não somos nós que vamos fazer o movimento para um discurso bolsonarista, mas ele que precisa de um posicionamento mais ao centro e mais afastado do bolsonarismo”, declarou Leite ao jornal O Globo. Ele ressaltou que os partidos do centro não devem “bolsonarizar ou radicalizar” o discurso, destacando que essa não é a sua posição.
Leite mencionou que, em conversas anteriores com Tarcísio, percebeu uma postura “muito razoável, de gestor centrado e preocupado em melhorar a performance do Governo”.
Tarcísio e o ato na Avenida Paulista
Ao comentar as falas de Tarcísio durante um ato bolsonarista em 7 de setembro, na Avenida Paulista, onde o governador de São Paulo criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes, Leite ponderou que a postura pode ser um reflexo de “lealdade a alguém que lhe abriu espaço na sua trajetória”, referindo-se ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na ocasião, Tarcísio declarou: “Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes”.
“Eu não saberia dizer o quanto daquela manifestação dele, dentro de uma plateia de quase 40 mil pessoas, corresponde ao seu sentimento mais profundo ou o quanto que ele foi conduzido àquela situação. Mas ele tem uma trajetória maior do que aquilo, vejo uma pessoa preocupada com a gestão pública, com o País e, acredito, um democrata”, analisou Leite.
PSD e as ambições presidenciais
Apesar das ressalvas de Leite, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, já indicou interesse em apoiar Tarcísio para a Presidência em 2026. Tarcísio, por sua vez, tem sinalizado que pretende concorrer à reeleição em São Paulo.
Leite também abordou a possibilidade de sua própria candidatura ao Planalto. Ao minimizar eventos associados ao governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), Leite destacou seu diferencial em relação a outros potenciais presidenciáveis: a “capacidade de fazer um discurso mais independente”.
“Nessas últimas eleições, eu não abracei nem o Lula nem o Bolsonaro, e quase paguei o preço disso por estar num ambiente muito polarizado”, concluiu o governador gaúcho.
Fonte: Estadão