Petrobras: Ações caem apesar da licença para Foz do Amazonas

Ações da Petrobras recuam apesar da licença para Foz do Amazonas. Analistas apontam fatores como queda do petróleo e ano eleitoral para o desempenho.
Ações Petrobras Foz do Amazonas — foto ilustrativa Ações Petrobras Foz do Amazonas — foto ilustrativa

A aprovação concedida pelo Ibama à Petrobras para perfurar um poço exploratório em águas profundas na Foz do Amazonas não impulsionou as ações da petroleira nesta segunda-feira (20). A região, considerada uma nova fronteira de exploração de petróleo e gás no Brasil, possui potencial estimado de até 10 bilhões de barris, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME). Apesar da notícia, as ações PETR3 recuaram 0,54% e as PETR4 tiveram uma leve alta de 0,13% na bolsa brasileira.

Infográfico mostra o local em que a Petrobras vai explorar petróleo na bacia da Foz do Amazonas.
Infográfico detalha área de exploração na Foz do Amazonas.

Contexto Econômico e Preço do Petróleo

Um dos fatores que frearam o mercado foi a queda recente no preço do barril de petróleo internacional. A cotação atingiu o menor nível em meses, pressionada pelo excesso de oferta e pela diminuição de tensões geopolíticas. Nesta segunda-feira (20), o Brent foi negociado a US$ 60,90. O economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), aponta que a expectativa de um petróleo ainda mais barato em 2026, com média prevista de US$ 50, tende a reduzir a Receita da empresa.

“Demorou para sair a licença do Ibama para perfurar o poço exploratório na Foz do Amazonas. Quando saiu, o mercado já apontava para uma queda no preço do barril, com uma média prevista de US$ 50 em 2026. Isso vai diminuir a receita da empresa,” afirma Pires.

Além disso, Pires sugere que a proximidade de 2026, ano eleitoral, pode levar o Governo a intervir politicamente na Petrobras, direcionando investimentos para fertilizantes, estaleiros ou distribuidoras de GLP, o que também impacta a percepção do mercado sobre as ações.

Expectativas e Potencial da Margem Equatorial

Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, ressalta que a aprovação já era esperada pelos investidores, o que moderou o impacto. No entanto, a área a ser explorada na Foz do Amazonas apresenta características semelhantes às encontradas na Guiana e Suriname, regiões que vivem um boom petrolífero.

“Mas estamos falando de um processo. O que a Petrobras tem hoje é apenas uma licença para realizar a pesquisa. Essa primeira fase ainda não envolve a extração de petróleo propriamente dita,” explica Arbetman.

A pesquisa servirá para confirmar a presença de hidrocarbonetos, entender as características geológicas e avaliar a proximidade com reservatórios já descobertos. Especialistas apontam que os ganhos em royalties só poderão ser estimados com precisão após essa fase exploratória.

Visualização da área de exploração na Bacia da Foz do Amazonas.

Impacto e Próximos Passos da Exploração

A perfuração exploratória terá duração de aproximadamente cinco meses. O governo estima que o potencial da Foz do Amazonas seja de 1,1 milhão de barris de petróleo por dia, superando a capacidade de campos como Tupi e Búzios. Com a reserva estimada em 10 bilhões de barris, o Brasil teria reservas suficientes para suprir a demanda interna até 2030.

“Se encontrarem, de fato, muito petróleo, estados e municípios podem se beneficiar mais do que no pré-sal, porque nesse modelo a arrecadação foi centralizada na União. Já na concessão [que pode ser adotada nesse caso], há mais repasse direto para os entes locais,” detalha Pires.

Ricardo Trevisan Gallo, CEO da Gravus Capital, considera a aprovação da perfuração um passo importante para a diversificação do portfólio da Petrobras e o fortalecimento da economia brasileira. Contudo, ele aconselha uma visão de longo prazo, com efeitos significativos previstos a partir de 2030.

Licença do Ibama e Reações

A licença de operação do Ibama para a perfuração do poço exploratório na Foz do Amazonas foi concedida após a Petrobras comprovar a robustez de suas medidas de proteção ambiental. A empresa destacou a importância de novas fronteiras para a segurança energética e para a transição justa. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, celebrou a decisão, chamando a Margem Equatorial de “futuro da soberania energética”. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, elogiou a conciliação entre crescimento econômico e preservação ambiental.

Por outro lado, ambientalistas criticaram a liberação, considerando-a um revés para as políticas ambientais, especialmente às vésperas da COP30. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou que a exploração será feita com responsabilidade, ponderando que o Brasil ainda não pode abrir mão dos combustíveis fósseis.

Detalhes da Exploração e Fases Futuras

O bloco FZA-M-059 está localizado a cerca de 500 km da foz do Rio Amazonas. A perfuração exploratória, que não envolve produção de petróleo, encerra um processo de Licenciamento que se estende desde 2014. A fase atual visa constatar o volume de petróleo, declarar a comercialidade da área e obter o licenciamento ambiental para a produção.

Fonte: G1

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