A Argentina anunciou um plano para recomprar títulos soberanos, com o objetivo de reduzir seus Custos de financiamento em meio a um cenário de endividamento. A notícia impulsionou a valorização dos títulos do país em dólar, que registraram alta no final da sessão desta segunda-feira (20).


Anúncio de Recompra e Impacto no Mercado
As notas argentinas com vencimento em 2035 avançaram mais de um centavo, alcançando cerca de 57 centavos de dólar, de acordo com dados da Bloomberg. O Mercado cambial, que estava fechado no momento do anúncio, viu o peso argentino recuar levemente.
O secretário de Fazenda, Pablo Quirno, detalhou que o governo iniciou negociações para a operação com o auxílio do JPMorgan. Ele descreveu a ação como um acordo de “dívida por educação”, onde novos empréstimos de agências e organizações multilaterais seriam utilizados para quitar dívidas com juros mais altos. No entanto, não foram especificados quais dívidas seriam recompradas nem os concedentes dos novos empréstimos.
Pedro Siaba Serrate, chefe de pesquisa e estratégia da PPI Argentina, comentou que o termo “educação” pode indicar uma operação semelhante à troca de dívida por natureza realizada pelo Equador em maio de 2023, mas com foco na educação em vez do Meio Ambiente.

Contexto Eleitoral e Acordo de Swap Cambial
O anúncio acontece a uma semana das eleições de meio de mandato, onde o governo do presidente Javier Milei busca aumentar sua representação no Congresso. A popularidade de Milei entre os eleitores mais jovens tem diminuído, acompanhando os cortes de gastos implementados em seu governo.
A dívida Argentina já havia apresentado oscilações durante o dia. Pela manhã, os títulos subiram após a confirmação de um acordo de swap cambial de US$ 20 bilhões com os Estados Unidos. Contudo, o entusiasmo inicial arrefeceu pela ausência de novas informações, levando a uma posterior queda dos papéis.
O anúncio de Quirno proporcionou um segundo impulso ao mercado.

Análises e Próximos Passos
Jason Keene, estrategista do Barclays, considerou a medida “claramente positiva se e quando se concretizar”, mas ressaltou que, por enquanto, não altera a dinâmica cambial ou eleitoral e que o mercado tende a desconsiderar manchetes sem detalhes suficientes.
Assim como em acordos financeiros recentes, persistem dúvidas. Investidores aguardam detalhes sobre o swap cambial com os EUA e uma linha de US$ 20 bilhões em negociação com credores privados. O último anúncio levantou ainda mais questionamentos.
Gorky Urquieta, co-chefe da equipe de dívida de mercados emergentes da Neuberger Berman, expressou ceticismo, questionando a capacidade do governo de realizar uma recompra de dívida com recursos limitados, especialmente com pagamentos previstos para janeiro.
Fonte: InfoMoney