O anúncio do swap cambial de US$ 20 bilhões entre Estados Unidos e Argentina não foi suficiente para conter a volatilidade cambial. A proximidade das eleições parlamentares, marcadas para o próximo domingo, intensifica a busca por proteção cambial e pressiona o valor do dólar.
A incerteza eleitoral tem levado a uma forte depreciação do peso argentino frente ao dólar. No início da sessão desta segunda-feira, o dólar no Mercado atacadista, principal referência, registrava alta de 1,7%, atingindo 1.475 pesos. A cotação oficial se aproximava do teto da banda cambial, em 1.490,57 pesos.
Os bancos, seguindo essa referência, ajustam suas cotações para o público. No Banco Nación, o dólar era negociado a 1.485 pesos.
O chamado “dólar blue”, a cotação paralela mais procurada, rompeu a marca de 1.500 pesos, fechando em 1.485 pesos para compra e 1.505 pesos para venda, segundo operadores de mercado.
A leitura predominante é que o anúncio do acordo com os EUA trouxe um alívio temporário, rapidamente ofuscado pela constatação de que os recursos não poderão ser imediatamente adicionados às reservas do país. O impacto real será sentido apenas com a ativação de cada tranche do swap.
Alta tensão pré-eleitoral
A corretora Portfolio Personal Investors (PPI) destacou em análise que o mercado entrou em “zona de alta tensão” a apenas cinco sessões das eleições de meio de mandato. A demanda por dolarização das carteiras de varejo, comum em períodos pré-eleitorais, tem se acelerado.
O presidente Javier Milei utilizou as redes sociais para alertar sobre tentativas de gerar pânico financeiro antes da disputa. Ele compartilhou a mensagem de um economista que prevê que opositores tentarão criar narrativas de desvalorização cambial, intervenção governamental e risco de pagamentos de dívida.
Objetivo do swap e desafios fiscais
Em Entrevista, Milei afirmou que o objetivo do swap é “dar segurança a quem investiu na Argentina, para que o risco do país diminua, para que a taxa de juros caia e para que os argentinos possam ter Acesso ao crédito”. Ele explicou que o acordo funciona como uma troca de moedas, ativada apenas quando necessário.
O presidente detalhou que, caso o Governo não consiga acessar o mercado de capitais devido ao alto risco-país, os pagamentos de dívida de 2026 poderão ser realizados utilizando a linha de swap. Em janeiro, o governo argentino tem um pagamento de US$ 4,4 bilhões a detentores de títulos da dívida, um desafio significativo em meio à volatilidade cambial.
Fonte: InfoMoney