Contador do PCC: Juíza mantém preso suspeito de lavagem de dinheiro

Justiça Federal mantém preso contador suspeito de lavar dinheiro do PCC. Decisão da Operação Narco Bet visa evitar obstrução e fuga.
Contador do PCC — foto ilustrativa Contador do PCC — foto ilustrativa

A Justiça Federal determinou a manutenção da prisão preventiva de Rodrigo de Paula Morgado, suspeito de lavar dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC). A decisão foi tomada no âmbito da Operação Narco Bet, que desmantela esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico de drogas.

Contexto da prisão e alegações da defesa

Esta é a segunda vez que Rodrigo Morgado é detido. Anteriormente, ele foi preso na Operação Narco Vela, em abril, mas obteve liberdade provisória por meio de um habeas corpus. A Defesa, liderada pelo advogado Filipe Pires de Campos, argumentou que Morgado é réu primário, possui residência fixa e filhos menores, além de sofrer dificuldades financeiras e demissões em seus negócios após a primeira fase da investigação. Morgado nega envolvimento nos crimes, afirmando a legitimidade de sua atuação profissional.

Um dos pontos levantados pela Defesa é a incongruência de manter a prisão preventiva agora, considerando que na Operação Narco Vela, focada no tráfico de cocaína do PCC para a Europa, o contador já havia sido autorizado a responder em liberdade. A alegação é de que a suspeita de lavagem de dinheiro, neste contexto, seria um crime menos grave.

Análise da juíza e manutenção da prisão

A juíza Raecler Baldresca, convocada no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3), considerou que a Prisão de Rodrigo Morgado é essencial para a continuidade das investigações, evitando riscos de obstrução e fuga. A magistrada destacou a **gravidade dos crimes** em apuração e a **estrutura sofisticada e interestadual** da organização criminosa, na qual Morgado seria uma peça-chave.

Em sua decisão, Baldresca citou a jurisprudência que justifica a prisão de membros de grupos criminosos para interromper suas atividades. Ela também alertou para o **elevado poder econômico** dos investigados, que segundo a juíza, permite a formação de uma rede de corrupção capaz de embaraçar investigações, facilitar a evasão do país e comprometer futuras ações penais.

A juíza ressaltou que, mesmo diante de primariedade, residência fixa e trabalho lícito, os motivos que levaram à segregação cautelar ainda persistem. A necessidade de interromper a atuação da organização criminosa e evitar a reiteração delitiva foram fatores determinantes para negar o pedido de liberdade.

Operação Narco Bet e o papel do contador

Rodrigo de Paula Morgado é apontado como um **”operador logístico-financeiro”** em um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas do PCC. A investigação da Polícia Federal identificou o contador após mapear os envolvidos na compra de um veleiro apreendido com três toneladas de cocaína na África.

Os investigadores apontam uma variação patrimonial atípica: os rendimentos declarados de Morgado saltaram de R$ 295 mil em 2022 para R$ 7,9 milhões em 2023. Ele também é suspeito de estar por trás de centenas de transações envolvendo empresas de fachada e casas de apostas.

A Defesa de Rodrigo Morgado, através do advogado Filipe Pires de Campos, reafirma a negativa de todas as acusações. “O Sr. Rodrigo Morgado possui milhares de documentos fiscais, contábeis e outros registros que comprovam o exercício regular e lícito de suas atividades profissionais, sem qualquer vínculo com o tráfico internacional de drogas”, declarou a defesa, confiante de que a verdade prevalecerá com a análise técnica do processo.

Fonte: Estadão

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