A indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF) evoca memórias da nomeação de José Antônio Dias Toffoli por Luiz Inácio Lula da Silva em 2009. Messias, o atual Advogado-Geral da União (AGU), surge como um nome que reflete critérios de amizade, confiabilidade e alinhamento político com o presidente, semelhante ao que ocorreu com Toffoli.
O Legado de Dias Toffoli no STF
Dias Toffoli ascendeu à Corte aos 42 anos, tornando-se o presidente mais jovem do STF desde o Império. Sua trajetória, marcada por ter sido advogado e AGU, contrasta com a ausência de mestrado ou doutorado e dificuldades em concursos para a magistratura. A comparação com Messias, também AGU e com a possibilidade de ingressar no STF, lança luz sobre os critérios de escolha de ministros.
Toffoli, ao assumir, era visto como um entusiasta com grandes ambições. A pressão e as crises de consciência em julgamentos emblemáticos como o do Mensalão e do Petrolão, que atingiram figuras centrais do PT, parecem ter influenciado sua postura posterior, especialmente durante a Operação Lava Jato, gerando um preço a ser pago em decisões futuras na Corte.
Jorge Messias: Perfil e Expectativas
Jorge Messias, apelidado de “Bessias” após um episódio envolvendo Dilma Rousseff e Lula, possui um currículo notável. Formado pela UFPE, é mestre e doutor em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional pela UnB, com carreira consolidada como procurador em instituições como o Banco Central e o BNDES. Atualmente como AGU, ele mantém boas relações dentro do STF.
Apesar de seu bom currículo, questiona-se se Messias possui a estatura de um jurista brilhante e amplamente reconhecido, com a capacidade de defender a toga e a cadeira por trinta anos. A sua identidade como evangélico, anunciada publicamente em um evento com Lula no Planalto, adiciona uma camada complexa de fatores como amizade, lealdade, religião e cálculos eleitorais à sua indicação.
Contexto Atual do Supremo Tribunal Federal
A escolha de Messias ocorre em um momento delicado para o STF, sob a presidência de Edson Fachin, que é respeitado por sua discrição, mas considerado por alguns colegas como “fraco” em um cenário de divergências. A Corte tem sido palco de dissidências, como a de Luiz Fux no julgamento sobre o golpe e a recente reabertura do processo sobre aborto por Luiz Roberto Barroso.
Neste contexto, a ministra Carmen Lúcia se destaca como a figura feminina entre os onze ministros, reconhecida por sua ponderação e senso de Justiça. A expectativa é que Jorge Messias, o “novo Toffoli”, cumpra com o dever de um ministro do STF: ser preparado, técnico, sério, independente e, fundamentalmente, um guardião da Constituição ao longo de sua gestão.
Fonte: Estadão