O preço do ouro alcançou novas máximas históricas, superando os US$ 4.300 por onça em 16 de outubro. Esse movimento expressivo e persistente reflete a influência combinada de fatores como política monetária global, o comportamento do dólar e tensões geopolíticas, indicando que o metal precioso segue como um termômetro da economia mundial e um ativo de Confiança em tempos de incerteza.
Analistas apontam também a estratégia de bancos centrais emergentes em acumular reservas de ouro para reduzir a dependência do dólar americano, reforçando seu papel como Porto seguro.
Juros, Dólar e a Influência Monetária no Ouro
O impacto dos juros e do dólar no preço do ouro é significativo. Como o metal não oferece rendimentos, sua atratividade é diretamente ligada à política monetária.
Em cenários de juros altos, o interesse por ativos de renda fixa aumenta, diminuindo a atratividade do ouro. Contudo, quando há sinalizações de cortes nas taxas de juros pelos bancos centrais, o ouro recupera sua força como reserva de valor e proteção de patrimônio.
Essa dinâmica ficou clara nos últimos anos. Em 2020, o ouro atingiu recordes com a redução das taxas de juros para combater a pandemia. Três anos depois, o aperto monetário global, liderado pelo Federal Reserve (Fed), causou uma retração. Agora, com a perspectiva de desaceleração econômica e potenciais cortes, o preço do ouro voltou a subir.
A relação com o dólar é igualmente crucial. Como o ouro é cotado na moeda americana, sua valorização torna o metal mais caro para investidores internacionais. Em contrapartida, um dólar mais fraco pode impulsionar a demanda e elevar o preço do ouro.
Sam Stovall, estrategista-chefe da CFRA Research, observou que “por causa das tensões comerciais, muitos bancos centrais estão comprando ouro. Esse movimento é favorecido pelos juros mais baixos e pelo enfraquecimento do dólar americano”.
Essencialmente, o ouro atua como um reflexo da política monetária global: valoriza-se em períodos de afrouxamento monetário e perde força quando outros ativos se tornam mais rentáveis.
Geopolítica e Instabilidade: O Ouro como Refúgio Seguro
O ouro frequentemente ganha força em momentos de crises e instabilidade Internacional. Conflitos políticos, impasses fiscais e disputas comerciais aumentam a demanda por ativos considerados seguros, impulsionando o preço do metal precioso.
Nos últimos meses, a escalada das tensões entre Estados Unidos e China, a guerra na Ucrânia e problemas fiscais em grandes economias intensificaram a busca por proteção. O risco político elevado confere ao ouro um papel estratégico de diversificação, especialmente para governos e fundos soberanos.
Peter Grant, vice-presidente de metais da Zaner Metals, comentou sobre a demanda crescente por ouro, afirmando que “não há nenhuma indicação real de que isso mude no curto prazo, pois ainda há uma demanda bastante consistente por ouro”.
Essa antecipação de riscos por parte dos investidores explica a valorização do ouro mesmo antes de crises se materializarem, confirmando seu papel como métrica de confiança global. Um cenário econômico imprevisível leva o mercado a buscar proteção no metal.
Fonte: InfoMoney
