BB conclui reestruturação com saída de presidente da Previ

A renúncia de João Luiz Fukunaga à presidência da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, marca o fim de uma série de renovações nos comandos das principais empresas do conglomerado. A movimentação, anunciada na sexta-feira (17), completa a reestruturação iniciada em julho pela presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros. As mudanças abrangeram importantes áreas como a BB Asset, a maior gestora do país com quase R$ 1,8 trilhão sob administração, além de BB Seguridade, Brasilseg, BB Americas e BB Tecnologia e Serviços (BBTS). Na Brasilcap, a Liderança foi efetivada em setembro com Antônio Carlos Teixeira.

Contexto de Liderança no Banco do Brasil

No início do ano, surgiram rumores sobre uma possível saída de Medeiros do cargo, influenciada por indicações políticas. No entanto, ela manteve sua posição, mesmo diante de um desempenho financeiro aquém do esperado no segundo trimestre, quando o BB registrou Lucro líquido de R$ 3,7 bilhões, uma queda de 60% em relação ao ano anterior. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não demonstrou insatisfação com a gestão de Medeiros, que comanda a instituição desde o início de seu governo.

“Nosso foco está em alinhar perfis de liderança às exigências de cada negócio, considerando critérios técnicos, experiência de carreira e aderência às diretrizes corporativas”, declarou Medeiros em nota ao comunicar as alterações em julho, ressaltando a busca por alinhamento Técnico e estratégico.

Saída de Fukunaga da Previ e Novas Lideranças

A renúncia de João Luiz Fukunaga à presidência da Previ ocorreu após uma reunião do Conselho Deliberativo do fundo. Em seu lugar, assume Márcio Chiumento, atual diretor de participações da entidade, indicado por Medeiros. Fukunaga deixará a Previ, o maior fundo de pensão do país com mais de R$ 270 bilhões em patrimônio, para assumir a Diretoria de Relações Governamentais e ASG da EloPar.

Fukunaga, formado em História e com mestrado na área, atuava no BB desde 2008 e teve atuação sindical. Sua gestão na Previ, iniciada em 2023, foi cercada de críticas e marcada por um período de turbulência, especialmente após a auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as contas do fundo em fevereiro deste ano. O TCU apurou um Déficit em 2024, que já foi revertido, e possíveis irregularidades na rentabilidade do Plano 1, o maior da fundação.

Desempenho da Previ e Estratégias de Investimento

A Previ registrou um déficit de R$ 3,16 bilhões no fechamento de 2024, mas reverteu o quadro, alcançando um superávit de R$ 1,48 bilhão até agosto deste ano. A fundação atribui o desempenho às oscilações de mercado em ativos como Vale e títulos públicos. A instituição desfez-se de R$ 7 bilhões em ações e imóveis neste ano até agosto, realocando a maior parte para a renda fixa, como títulos NTN-B, com o objetivo de “imunizar” a carteira do Plano 1.

“Nunca houve rombo de qualquer tipo, os resultados negativos em 2024 foram conjunturais. Nossos investimentos são feitos sempre de forma técnica e criteriosa”, afirmou Fukunaga sobre os resultados até agosto. Desde sua posse, a alocação em renda variável caiu de 32% para 18%, totalizando R$ 30 bilhões migrando para a renda fixa.

O Conselho Deliberativo da Previ iniciou o processo para a posse de Chiumento, que é formado em Direito e funcionário do BB desde 2000, com vasta experiência em diversas áreas da instituição. Em seu lugar na diretoria de participações, assume Adriana Chagastelles, marcando a primeira indicação feminina para um cargo executivo de alto escalão no banco.

Renovação Ampliada no Grupo BB

As mudanças se estenderam a outras áreas do grupo. Gustavo Lustosa, funcionário do BB desde 1993, assumiu a presidência da BB Asset. Delano Valentim Andrade foi indicado para a BB Seguridade, e Marcelo Labuto, ex-presidente do BB em 2018, retornou para comandar a Brasilseg. No BB Americas, Mario Matsumoto Fujii assumiu a liderança, após gerenciar unidades do banco em Nova York e Miami.

Fonte: Valor Econômico