Ouro: Disparada de Preços, FOMO e Risco de Bolha Dourada

O preço do ouro dispara em meio a temores globais e FOMO. Entenda os fatores por trás da alta e o risco de uma bolha dourada.
preço do ouro — foto ilustrativa preço do ouro — foto ilustrativa

A possibilidade de uma bolha de preços é um temor constante no mundo econômico. Desde a bolha das Tulipas em 1636 até a crise do subprime em 2007, o Mercado vive em alerta para potenciais crises de grandes proporções. Fenômenos de bolhas econômicas são multifatoriais, envolvendo variáveis macroeconômicas, financeiras, psicológicas e institucionais. Um dos principais impulsionadores é o medo de perder oportunidades, conhecido como FOMO (fear of missing out).

Atualmente, esse comportamento especulativo é observado em relação ao preço do ouro. Há cinco anos, uma onça-troy valia US$ 1.900. Há um ano, o valor girava em torno de US$ 2.700, e neste mês, o metal precioso rompeu a barreira dos US$ 4.300, representando um crescimento de aproximadamente 60% em apenas um ano.

Essa ascensão, a maior desde a década de 1970, está sendo impulsionada pelo “FOMO dourado”, como descrito pelo Financial Times. Desde 2022, bancos centrais, especialmente de países em desenvolvimento, têm adquirido o metal para diversificar suas reservas para além do dólar. Recentemente, as compras institucionais e do varejo atingiram um novo Recorde, com US$ 26 bilhões investidos em fundos lastreados em Bolsa.

Causas da Alta e Busca por Porto Seguro

Fatores como o “tarifaço de Trump”, a desaceleração econômica da China e a expectativa de cortes de juros pelo Fed, combinados com a perspectiva de elevação de juros a longo prazo, parecem ter gerado um temor generalizado. Essa incerteza leva muitos investidores a buscarem o ouro como Porto seguro.

A instabilidade econômica e política global gera manchetes constantes que, amplificadas pela influência de formadores de opinião, aceleram o movimento de preços, criando um efeito manada. O ouro, com sua narrativa de “ativo que não falha”, torna-se um terreno fértil para essa dinâmica. A crença em sua segurança leva a disparadas de preço e ao medo de “ficar de fora”, incentivando entradas tardias e impulsionando ainda mais as cotações.

Fatores Técnicos e o Risco de Bolha

Um fator técnico que agrava a situação é a Suspensão do relatório COT (Commitments of Traders) da CFTC, órgão regulador de derivativos dos EUA, devido ao shutdown. Sem a fotografia semanal das posições de fundos, o mercado opera em um cenário de maior incerteza, permitindo que a imaginação e o FOMO preencham as lacunas. Há sinais robustos de FOMO e, consequentemente, um risco de formação de bolha no mercado de ouro.

Por outro lado, as contínuas compras por bancos centrais oferecem um contraponto a essa tensão, ajudando a sustentar os patamares de preço. A esperada queda de juros reais também contribui para a redução do “custo de carregar” o ouro, o que, embora não anule a hipótese de bolha, impede uma sentença definitiva sobre sua formação.

O FOMO atua como o combustível emocional das bolhas, alimentando a exuberância irracional dos preços. No entanto, sem liquidez, o FOMO se torna apenas barulho e, sem uma narrativa sólida, vira ruído. Mas quando combinados com liquidez e uma narrativa convincente, transformam-se em um potencial incêndio no mercado.

Fonte: Estadão

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