O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cobrou maior articulação entre os partidos de direita para unificar a oposição ao Governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visando as eleições de 2026. A declaração foi feita durante uma conversa com o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) nesta sexta-feira (17).
Bolsonaro cumpre Prisão domiciliar em Brasília e tem recebido aliados para discutir estratégias políticas. Ele foi penalizado com a restrição por descumprir medidas cautelares impostas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em 4 de agosto.
Articulação e Unidade das Direitas
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, relatou à imprensa que Bolsonaro considera essencial que os presidentes de partidos de direita se reúnam com mais frequência para obter resultados positivos contra o atual governo, com foco especial na disputa presidencial de 2026.
Em setembro, partidos como União Brasil e Progressistas (PP) anunciaram oficialmente o desembarque do governo Lula, em um movimento que antecipa a articulação de candidaturas de direita competitivas para 2026. Nomes como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Júnior (PSD-PR) são mencionados como potenciais lideranças nesse movimento, embora a escolha final ainda não esteja definida.
Anistia para Atos Antidemocráticos
Durante o encontro, Bolsonaro indagou sobre o andamento da articulação pela anistia de envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. O tema é de grande interesse para o ex-presidente, que pode se beneficiar de um texto que os bolsonaristas buscam aprovar na Câmara, visando perdoar aqueles investigados por atos antidemocráticos desde 2019.
Sóstenes Cavalcante explicou que o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto, aguarda o retorno do texto pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), na próxima terça-feira. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), comprometeu-se a pautar a matéria para votação. Caso a proposta devolvida preveja a redução de penas em vez de uma anistia ampla, a bancada do PL apresentará um destaque para ampliar o perdão.
“Estamos muito confiantes, quem sabe na próxima semana a gente possa ter essa boa notícia. Estou muito empenhado em que a gente finalmente possa resolver de uma vez por todas a questão da anistia. Bolsonaro tem reconhecido que as articulações têm avançado”, declarou Sóstenes.
Saúde e Bem-Estar de Bolsonaro
Sobre a saúde do ex-presidente, Sóstenes Cavalcante informou que o quadro parece ter melhorado, com menos episódios de soluço. No entanto, a questão emocional permanece estável. Bolsonaro tem reclamado do tédio imposto pela prisão domiciliar e do uso da tornozeleira eletrônica.
“Está um pouco melhor do que da última vez que eu o vi. Ele está tomando algumas medicações, com cuidados alimentares. A preocupação dele é com soluço. Enquanto estivemos (juntos), ele tossiu algumas vezes, mas não estava soluçando, mas ele está sentindo algum incômodo (com refluxo)”, relatou o deputado. Ele também mencionou que Bolsonaro conseguiu retomar a prática de exercícios físicos, incluindo uma hora de esteira, após um período de restrição devido aos soluços constantes.
Indicação para o STF
Outro tema discutido, desta vez com Michelle Bolsonaro, foi a indicação de Lula para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no STF. O presidente deve indicar Jorge Messias, ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), descrito como evangélico e homem de Confiança do petista. Sóstenes expressou que, apesar de ser evangélico, a indicação de Messias se deve ao seu alinhamento político com o PT, representando uma parcela minoritária dos evangélicos.
Fonte: Estadão
