Os juros futuros encerraram o pregão desta sexta-feira (17) com movimentos modestos ao longo de toda a curva a termo, em um dia sem direcionadores claros para as taxas. O Mercado de juros nominais se guiou pelo desempenho de outros ativos, equilibrando o suporte da forte apreciação do real sobre o dólar com a pressão vinda do avanço firme das taxas dos títulos do Tesouro americano (Treasuries).
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Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2027 teve leve queda de 14,025% para 14,01%. A do DI de janeiro de 2029 oscilou entre 13,32% e 13,33%, e a do DI de janeiro de 2031 registrou alta modesta de 13,58% para 13,605%.
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Pressão Externa e Juros Reais em Estresse
Nos Estados Unidos, o rendimento da T-note de dez anos terminou o pregão em alta de 3,973% para 4,014%, devolvendo boa parte da forte queda da sessão anterior. Sinaisizações do presidente americano, Donald Trump, sobre a possibilidade de retomar negociações comerciais com a China arrefeceram temores do mercado, levando investidores a se afastarem da segurança dos Treasuries em favor de ativos de maior risco.
Enquanto o ambiente externo guiou as taxas prefixadas, o mercado de NTN-B (títulos indexados à inflação) passou por uma nova Rodada de estresse, concentrada nos vértices intermediários e longos da curva de juros reais. A taxa da NTN-B com vencimento em agosto de 2032, por exemplo, subiu de 7,93% para 7,98%, patamar observado no período de maior estresse do mercado no fim de 2024.
Desconfiança com a Dívida Pública e Política Monetária
O estresse recente no mercado de NTN-B é notável não apenas pela magnitude do avanço das taxas, mas também por ocorrer em um momento de diminuição da oferta do Tesouro Nacional. Isso acontece após três trimestres seguidos de atuações mais agressivas na emissão de papéis atrelados ao IPCA. Traders de renda fixa apontam que o mercado está se desfazendo de posições em juros reais à medida que não se confirma um quadro de menor pressão, seja da política monetária, da questão fiscal ou das perspectivas para o cenário político às vésperas de um ano eleitoral.
“Estamos vendo vários ‘stops’ (zeragem abrupta de posições) ao longo da curva, com destaque para o miolo e vencimentos longos. O ‘carrego’ da NTN-B está machucando muito e o cenário mais benigno não se consolidando está fazendo muita gente zerar o juro real”, comenta um operador em condição de anonimato.
Segundo Gilberto Kfouri, diretor de investimentos (CIO) da BNP Paribas Asset Management, diversos fatores pressionaram a NTN-B, impedindo que os juros reais acompanhassem a melhora do real, do Ibovespa e dos juros nominais ao longo do ano. A postura conservadora do Banco Central leva o mercado a rever estimativas de inflação implícita, prejudicando taxas de prazos mais curtos da curva.
“O BC atuar com uma política monetária bem contracionista e um juro real corrente acima de 10% atrapalha as NTN-Bs, mesmo as mais longas, já que gera um ‘carregamento’ ruim nesses papéis”, afirma Kfouri. Ele vê menos impacto de questões fiscais de curto prazo na precificação atual, pois os investidores já estão focados no que virá após as eleições presidenciais de 2026.
“O grande problema é a trajetória da dívida. Temos que trazer credibilidade para as contas fiscais, gerar superávits primários suficientes para trazer alguma credibilidade. E, por enquanto, não há perspectiva de que isso aconteça”, alerta o economista.
Fonte: Valor Econômico