Os mercados globais estão em alerta com a possibilidade de uma crise de crédito se aproximando nos Estados Unidos. Além das tensões comerciais com a China e os temores sobre uma bolha em empresas de Inteligência Artificial (IA), a saúde do setor bancário americano volta a ser questionada.
O Colapso recente de empresas como a First Brands Group e a Tricolor Holdings, nos EUA, e as perdas divulgadas por bancos regionais como Zions Bancorp e Western Alliance Bancorp, apesar de parecerem pequenas em comparação com crises passadas, reacenderam o debate sobre a era do capital abundante e de alto risco.
Alerta de Fraude em Empréstimos
A revelação quase simultânea de supostas fraudes em empréstimos, especialmente aqueles vinculados a fundos imobiliários, levou investidores a reduzir sua exposição ao setor. A Ágora Investimentos destaca que essa preocupação ganhou força com as suspeitas de fraudes, sinalizando possíveis fragilidades no Mercado de crédito.
O Zions Bank reportou perdas de US$ 50 milhões, e as ações do Western Alliance sofreram uma queda de 11%. José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos, observa que o mercado Internacional continuará sob vigilância, mas aponta para a solidez do cenário brasileiro como um fator de estabilidade.
Uma potencial crise de crédito, mesmo que inicialmente afete players menores, pode se alastrar e contaminar partes significativas do sistema bancário dos EUA. Uma parcela crescente das carteiras de empréstimos bancários tem financiado empresas do mercado privado, que gradualmente expandem sua atuação para o território tradicional de empréstimos comerciais.
Análise de Jamie Dimon e Riscos Crescentes
Apesar dos temores, executivos de grandes bancos como JPMorgan Chase e Wells Fargo tentam tranquilizar o mercado. Jeremy Barnum, CFO do JPMorgan, e Michael Santomassimo, seu equivalente no Wells Fargo, afirmaram que a maior parte das exposições é a players privados grandes e estabelecidos, minimizando o impacto imediato.
No entanto, Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, alertou para os riscos, comparando a situação à aparição de uma única barata em um ambiente que pode esconder outras ameaças. Sua declaração em uma teleconferência com analistas sugere cautela, especialmente com o ritmo crescente de empréstimos por empresas e a oferta de retornos elevados aos investidores, que podem se agravar em caso de recessão econômica.
A fala de Dimon foi contrastada por Marc Lipschultz, chefe da Blue Owl Capital, que sugeriu que o problema reside nos empréstimos liderados pelos próprios bancos e que Dimon deveria analisar mais de perto seus próprios balanços. Para Lipschultz, a diligência falha dos bancos nas companhias que colapsaram é um indício dos riscos crescentes gerados pelos novos participantes do mercado de crédito.
Fonte: InfoMoney