Apesar da queda expressiva de 23,5% na fome em todo o país em 2024, o estado de São Paulo ainda enfrenta um grave cenário, com quase 1 milhão de pessoas em situação de vulnerabilidade alimentar. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) divulgada pelo IBGE, 409 mil domicílios paulistas vivem em insegurança alimentar grave, o que equivale a 2,4% da população do estado. Em 2023, esse número era de 508 mil lares, totalizando 1,3 milhão de pessoas.


A situação em São Paulo contrasta com o cenário nacional, onde a fome atingiu seu menor nível desde 2004. O Brasil registrou uma redução de 2 milhões de pessoas em situação de fome em 2024, somando 6,48 milhões de brasileiros nessa condição. No entanto, 18,9 milhões de famílias ainda convivem com algum grau de insegurança alimentar.
Desigualdade regional na segurança alimentar
A fome é mais prevalente nas regiões Norte (37,7%) e Nordeste (34,8%), enquanto o Sudeste apresenta uma taxa de 19,6%. Em números absolutos, o Nordeste lidera com 7,2 milhões de domicílios afetados, seguido pelo Sudeste com 6,6 milhões. Essa disparidade regional evidencia desafios estruturais que persistem na garantia do Acesso à alimentação adequada para todos os brasileiros.
Perfil da população afetada pela fome
Os dados do IBGE revelam um perfil demográfico específico entre os mais vulneráveis. Mulheres chefiam 59,9% dos lares em insegurança alimentar, e pretos e pardos somam 70% dos responsáveis por domicílios afetados. Nos casos de fome extrema, a proporção de pardos (56,9%) é mais que o dobro da observada entre brancos (24,4%). A vulnerabilidade também é maior em áreas rurais (31,3%), superando em quase 10 pontos percentuais a taxa das áreas urbanas (23,2%).
O avanço na segurança alimentar do Brasil reforça o relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), que retirou o país do Mapa da Fome em agosto. O índice de subnutrição caiu para menos de 2,5% da população, refletindo melhorias significativas em dados coletados entre 2022 e 2024.

Apesar da melhora nacional, a persistência da fome extrema em São Paulo, afetando quase 1 milhão de pessoas, demonstra que a recuperação da segurança alimentar é desigual. Barreiras estruturais nas grandes metrópoles e para famílias de baixa renda ainda precisam ser superadas para garantir o direito à alimentação para todos.

Fonte: InfoMoney