BlackRock: CEO defende diversificação em meio a ruídos eleitorais e fiscais no Brasil

CEO da BlackRock, Bruno Barino, defende diversificação de investimentos no Brasil e destaca oportunidades em infraestrutura e criptomoedas, apesar das incertezas.
BlackRock Brasil — foto ilustrativa BlackRock Brasil — foto ilustrativa

A BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, atingiu a marca Recorde de US$ 13,5 trilhões em ativos administrados e observa um interesse internacional crescente no Brasil, apesar das incertezas ligadas ao cenário fiscal, às tarifas impostas por Donald Trump e às eleições de 2026.

Bruno Barino, CEO da BlackRock no Brasil, ressalta que a diversificação da carteira é fundamental para mitigar preocupações de curto prazo. “Precisamos estar preparados para todo tipo de demanda e cenário”, afirmou o executivo em Entrevista ao C-Level, ao ser questionado sobre a corrida presidencial do próximo ano.

A estratégia da empresa considera o cenário das contas públicas como um fator importante, mas não o único. “É obviamente um dos principais fatores que acompanhamos”, disse Barino. “No entanto, tomar decisões de investimento baseadas unicamente nisso está se tornando cada dia menos relevante”.

Brasil como Mercado Atrativo para Investimentos

O CEO vê o Brasil como um mercado promissor, impulsionado por sua população de 200 milhões de consumidores e um nível de sofisticação financeira que se destaca na América Latina. “Há muitas oportunidades para aproveitarmos”, destacou.

Atualmente, a BlackRock investe US$ 40 bilhões em instrumentos de dívida e equity no Brasil. Um investimento recente incluiu US$ 75 milhões em dívida na Clash, empresa brasileira de inteligência artificial. A gestora apoia clientes locais em todos os segmentos, desde varejo e bancos até fundos de pensão e assessores de investimento.

Oportunidades de Crescimento e Cenário Macroeconômico

Barino acredita que há um grande potencial de crescimento para a BlackRock no Brasil, especialmente com o avanço do mercado, mais eventos de liquidez e um maior crescimento econômico. “Nossa chance de capturar mais market share cresce”, pontuou.

Em relação ao cenário macroeconômico, com o Banco Central dos EUA reduzindo juros e a taxa Selic no Brasil em 10,50% com perspectiva de cortes, a estratégia da BlackRock foca em construir portfólios resilientes. “Nossa tese é de que algumas âncoras macro, como déficit fiscal, juros e câmbio foram se quebrando ao longo do tempo”, explicou. A gestora visa auxiliar os clientes a navegar tanto no curto prazo quanto na preparação de portfólios de longo prazo.

Bruno Barino, CEO da BlackRock Brasil, fala sobre o mercado brasileiro.
Bruno Barino, CEO da BlackRock Brasil.

Impacto Fiscal e Perspectivas Eleitorais

O cenário fiscal é considerado essencial para o desenvolvimento sustentável da economia brasileira. “É um dos principais fatores que acompanhamos para entender como a economia vai evoluir”, disse Barino. Contudo, ele reitera que decisões de investimento não devem ser baseadas apenas neste fator.

Diante da perspectiva eleitoral, com a possível candidatura do presidente Lula e a ascensão de nomes de direita, a BlackRock foca em desenvolver o mercado brasileiro. “Temos que estar preparados para todo tipo de demanda, cenário, oportunidade e preocupação”, afirmou.

Apetite de Investidores Estrangeiros e Infraestrutura

O interesse de investidores estrangeiros no Brasil é visto como significativo. “Esquecendo o barulho de curto prazo, o Brasil é um mercado que, especialmente comparado com outros países da América Latina, possui um nível de sofisticação e profundidade de mercado financeiro muito grande”, avaliou Barino.

A transição energética e os investimentos em infraestrutura são vistos como estratégicos. O Brasil é um líder em energia renovável e tem potencial para continuar a aproveitar o crescimento da demanda. Oportunidades são identificadas em portos, rodovias, hidrovias, logística, data centers e infraestrutura em geral. A BlackRock global prevê a necessidade de US$ 68 trilhões em infraestrutura até 2040.

Infraestrutura de transporte no Brasil.
Oportunidades em infraestrutura logística.

Criptomoedas e Consultoria a Governos

A BlackRock tem observado o crescente uso de criptomoedas. A empresa já incluiu em algumas carteiras uma alocação de até 2% em Bitcoin via ETF (IBIT), destacando o potencial de retorno e o baixo aumento de custo. Espera-se uma adoção cada vez maior devido à sua baixa correlação com outras classes de ativos.

A área de Financial Markets Advisory da BlackRock tem prestado consultoria a governos, como o do Paraná, auxiliando no desenvolvimento de planos estratégicos e criação de governança e veículos de investimento. Essa área já apoiou iniciativas como o plano Visão 2030 da Arábia Saudita.

Agenda ESG e COP30

A BlackRock mantém um forte compromisso com a agenda ESG (Ambiental, Social e Governança), com mais de US$ 1 trilhão alinhados a esses princípios. A empresa atende à demanda de clientes por soluções ESG, ao mesmo tempo em que reconhece que nem todos os clientes compartilham dessa estratégia. A gestora acompanhará e fomentará negócios verdes na COP30, no Brasil.

Sede da BlackRock em São Paulo.
A BlackRock gerencia mais de US$ 1 trilhão em ativos alinhados com ESG.

Fonte: Folha de S.Paulo

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