Zanin vota contra desoneração em decisão chave para o STF

Ministro Zanin vota contra desoneração da folha no STF, citando falta de fontes fiscais. Decisão impacta 17 setores e o arcabouço fiscal.
desoneração da folha de pagamentos — foto ilustrativa desoneração da folha de pagamentos — foto ilustrativa

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela inconstitucionalidade da lei que prorrogou a desoneração da folha de pagamentos para 17 setores da economia. Relator do caso, Zanin tornou definitiva uma decisão liminar anterior que suspendeu o benefício no ano passado. A justificativa para a inconstitucionalidade reside na ausência de indicação clara das fontes de receita para cobrir a renúncia fiscal, conforme estabelecido pelo princípio da sustentabilidade orçamentária.

Contexto da Decisão no STF

O voto de Zanin não abordou a lei que prevê a reoneração gradual entre 2025 e 2027, fruto de um acordo entre o Executivo e o Legislativo. Essa lei específica não foi o foco da ação direta de inconstitucionalidade analisada. Portanto, a decisão do ministro, em termos práticos, mantém as regras atuais de desoneração, mas sinaliza uma tendência restritiva quanto à concessão de benefícios fiscais sem a devida contrapartida orçamentária.

“É imperiosa a declaração de inconstitucionalidade, impedindo-se que práticas semelhantes venham a ser adotadas no futuro, atribuindo-se hierarquia constitucional ao princípio da sustentabilidade orçamentária”, afirmou o ministro em sua manifestação.

Impacto Fiscal e Reoneração Gradual

A discussão ganha relevância em um momento em que a equipe econômica busca recompor as contas públicas, lidando com um rombo fiscal estimado em R$ 20,9 bilhões. Este valor foi inicialmente atribuído à rejeição de uma Medida Provisória que propunha aumentar a tributação sobre investimentos e apostas online, além de limitar compensações tributárias. A análise no plenário virtual do STF prossegue até esta sexta-feira (24).

A Advocacia-Geral da União (AGU) já havia alertado, em fevereiro, sobre um potencial prejuízo de R$ 20,23 bilhões aos cofres públicos em 2025, devido à insuficiência das medidas compensatórias para a desoneração. O aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) chegou a ser cogitado como forma de mitigar esse impacto.

A AGU apontou que o impacto negativo da desoneração em 2024 foi de R$ 30,5 bilhões, enquanto as medidas arrecadatórias somaram R$ 9,38 bilhões, resultando em um Déficit de R$ 21,12 bilhões no ano passado.

Defesa do Senado e Alcance da Desoneração

O Senado Federal, em sua manifestação, defendeu a lei da desoneração, argumentando que a Constituição exige a apresentação de estimativas de impacto orçamentário para novas despesas, mas não a obrigatoriedade de prever medidas de compensação. Para a Casa, o Judiciário não deve invalidar leis com base em frustrações de arrecadação, posicionando o STF como guardião da Constituição e não como órgão de gestão fiscal.

O que é a desoneração da folha de pagamentos

Instituída em 2011, a desoneração da folha de pagamentos visa reduzir a carga tributária de setores intensivos em mão de obra. A medida substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha por alíquotas que variam de 1% a 4,5% sobre a Receita bruta. Essa política abrange 17 setores da economia, empregando cerca de 9 milhões de trabalhadores.

Os setores beneficiados incluem:

  • Confecção e vestuário
  • Calçados
  • Construção civil
  • Call center
  • Comunicação
  • Empresas de construção e obras de infraestrutura
  • Couro
  • Fabricação de veículos e carroçarias
  • Máquinas e equipamentos
  • Proteína animal
  • Têxtil
  • TI (tecnologia da informação)
  • TIC (tecnologia de comunicação)
  • Projeto de circuitos integrados
  • Transporte metroferroviário de passageiros
  • Transporte rodoviário coletivo
  • Transporte rodoviário de cargas

Fonte: Estadão

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