A China acusou os Estados Unidos nesta quinta-feira (16) de alimentar o pânico em relação aos controles chineses sobre terras raras. O país asiático afirmou que comentários do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, foram “grosseiramente distorcidos” sobre um importante negociador comercial chinês, rejeitando um apelo da Casa Branca para reverter as restrições.

O jornal oficial do Partido Comunista chinês publicou uma refutação de sete pontos. Isso ocorreu após os principais negociadores dos EUA sugerirem que Pequim poderia evitar a ameaça do presidente norte-americano, Donald Trump, de impor tarifas de 100% sobre os produtos chineses, descartando medidas que entrarão em vigor em 8 de novembro.
Embora os investidores estejam aliviados com o fato de as duas maiores economias do mundo terem evitado os aumentos tarifários retaliatórios de março e abril, cada troca de farpas entre Washington e Pequim corre o risco de inviabilizar uma reunião entre Trump e o presidente da China, Xi Jinping, na Coreia do Sul no final deste mês. Esse encontro é um ponto fixo que, até agora, ajudou a ancorar a estabilidade dos mercados.
Medidas de Controle Chinesas
“A interpretação dos EUA distorce e exagera seriamente as medidas da China (de controle de exportação de terras raras), provocando deliberadamente mal-entendidos e pânico desnecessários”, disse He Yongqian, porta-voz do Ministério do Comércio da China, em uma Coletiva de Imprensa.
“Desde que os pedidos de licença de exportação estejam em conformidade e se destinem ao uso civil, eles serão aprovados”, acrescentou He Yongqian.
Preocupações Globais com a Cadeia de Suprimentos
A expansão dos controles de exportação de terras raras de Pequim deixou negociadores comerciais e analistas de todo o mundo se perguntando se a China pretende exigir que fabricantes de qualquer produto, em qualquer lugar do mundo, que contenha até mesmo traços de terras raras chinesas solicitem uma licença para enviá-lo ao seu destino final.
He Yongqian afirmou aos repórteres que esse não é o caso, buscando mitigar as preocupações globais.

O representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, chamou na quarta-feira (15) as novas medidas da China de “uma tomada de poder da cadeia de suprimentos global”. Ele expressou esperança de que Pequim não as implemente. Scott Bessent, por sua vez, sugeriu que outra extensão da atual trégua tarifária de 90 dias —que deve expirar por volta de 9 de novembro— poderia ser possível.
As relações comerciais entre os EUA e a China pareciam relativamente estáveis após o telefonema de 19 de setembro entre Trump e Xi Jinping. Este diálogo ocorreu após uma cúpula em Madri entre autoridades dos dois países, amplamente considerada um sucesso graças ao acordo revolucionário sobre o TikTok.
Fonte: Folha de S.Paulo