Os juros futuros de longo prazo registraram alta no pregão desta quinta-feira (16), impulsionados pela pressão de um leilão de títulos prefixados promovido pelo Tesouro Nacional. Este leilão ofereceu lotes maiores em comparação com emissões anteriores de outubro, o que gerou uma pressão adicional na ponta longa da curva a termo.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2025/e/j/KDjCSvTOS3KPw7CUNhgQ/juros-percentual-taxas-ali-rezaei-unsplash.jpg" alt=""><figcaption></figcaption></figure>)
Em contraste, as demais taxas de juros apresentaram movimentos contidos. O Mercado doméstico de renda fixa operou de maneira descolada da valorização do real frente ao dólar e da acentuada queda nas taxas dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano. Essa desconexão ocorreu em meio a preocupações persistentes no mercado de crédito dos Estados Unidos.
Leilão do Tesouro Nacional e Reação do Mercado
Ao final das negociações, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2027 permaneceu estável em 14,03%. Contudo, a taxa do DI de janeiro de 2029 avançou de 13,30% para 13,33%, e a taxa do DI de janeiro de 2031 subiu de 13,535% para 13,595%.
O leilão em questão ofertou 21,3 milhões de títulos prefixados. As ofertas anteriores nas duas primeiras semanas de outubro foram significativamente menores, totalizando 12,3 milhões e 13,5 milhões de papéis. Lotes mais robustos nesta emissão recente provocaram uma reação adversa no mercado, que buscou absorver o risco adicional introduzido pela oferta.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2025/e/j/KDjCSvTOS3KPw7CUNhgQ/juros-percentual-taxas-ali-rezaei-unsplash.jpg)
Traders de renda fixa observaram uma melhora nos juros futuros logo após o leilão, sugerindo que o mercado esperava ofertas ainda maiores. “Pelo visto, o mercado antecipava um leilão maior, o que impulsionou um pouco o DI. Agora, está digerindo a oferta do Tesouro”, comentou um participante do mercado, solicitando anonimato.
Descolamento de Índices Globais e Fatores Técnicos
Ao longo do dia, os juros futuros, que já não seguiam o bom desempenho do câmbio local, também não acompanharam a forte queda nas taxas dos Treasuries nos Estados Unidos. No encerramento do pregão em Nova York, o rendimento da T-note de dez anos recuou significativamente, de 4,033% para 3,973%. Este movimento ocorreu com a migração de investidores para a segurança dos títulos da dívida pública americana, em meio a preocupações crescentes com o mercado de crédito local.
Participantes do mercado apontam que, assim como no pregão anterior, o comportamento da renda fixa doméstica sugere que os fluxos de investimento estão sendo mais influenciados por fatores técnicos do que por fundamentos macroeconômicos.
“Com os juros globais em queda, [as taxas dos contratos dos] DIs deveriam cair também. Não consegui entender o mercado hoje”, observou um trader de renda fixa de um importante banco local. Um gestor, também em condição de anonimato, lembrou que, no dia anterior, as taxas prefixadas de longo prazo caíram sem direcionadores claros, e o movimento se reverteu hoje da mesma forma, sem gatilhos evidentes para o mercado.
Desempenho das NTN-B e Inflação Implícita
Em contrapartida ao movimento dos juros futuros, as taxas das NTN-B (títulos indexados à inflação) têm apresentado um desempenho mais assertivo nos últimos dias. Nesta quinta-feira, os juros reais extraídos dos títulos atrelados ao IPCA continuaram a trajetória de redução de prêmios nos vértices de curto prazo. Essas taxas haviam sido fortemente pressionadas na segunda e terça-feira, conforme o mercado precificou uma inflação implícita mais baixa para os próximos anos.
Na reta final do pregão, a taxa da NTN-B com vencimento em agosto de 2026 mostrava uma queda para 10,14%, a partir de 10,22% no fechamento anterior. O juro real da NTN-B para maio de 2027 também recuou, de 8,91% para 8,89%.
Fonte: Valor Econômico