Apesar de um cenário internacional adverso, o Brasil tem demonstrado resiliência em relação a crises cambiais, um fantasma recorrente na América Latina no início do século XXI. Com as contas externas em ordem, exportações aquecidas e expressivas reservas internacionais, o país parece ter afastado esse risco para o fechamento de 2024.
A crise cambial, que já afetou significativamente a região, tornou-se menos frequente nos últimos 25 anos. No entanto, países como a Argentina continuam a enfrentar seus efeitos, impactando diretamente o cotidiano da população e os esforços de governos como o de Javier Milei.
Apesar de registrar um crescimento econômico inferior a outros emergentes, o Brasil tem mantido um desempenho positivo. Após um início de ano desafiador, a economia brasileira expandiu 0,4% no segundo trimestre em comparação com o anterior, acumulando um crescimento de 3,2% nos doze meses encerrados em junho, segundo dados do IBGE.
Desempenho Econômico e Previsões
Indicadores recentes apontam para uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em agosto, estimada em 0,4% pelo IBC-Br, a prévia do PIB divulgada pelo Banco Central. O acúmulo em 12 meses atingiu 3,2%. Dados setoriais mostram crescimento na produção industrial (0,8%) e nos serviços (0,2%), enquanto a agropecuária registrou queda de 1,9%.
As projeções de Mercado para o crescimento econômico em 2024 ficam pouco acima de 2%, com o boletim Focus do BC indicando 2,16%. O Ministério da Fazenda, por sua vez, projeta um crescimento próximo a 3%. Para os anos seguintes, as estimativas apontam para uma expansão mais modesta, raramente superando os 2% anuais, o que reflete a persistente baixa taxa de investimento em capacidade produtiva, frequentemente abaixo de 18% do PIB.
Desafios nas Contas Públicas
Apesar da estabilidade cambial, a atenção se volta para as contas públicas. A sustentabilidade do crescimento econômico a longo prazo e a capacidade de enfrentar oscilações internacionais dependem de uma boa administração fiscal. O cenário exige gastos públicos mais contidos e produtivos, maior clareza nas perspectivas econômicas e taxas de juros mais baixas, fatores que, por sua vez, demandam segurança na evolução dos preços.
Uma gestão fiscal prudente é crucial para garantir a confiança dos investidores e manter a trajetória de crescimento sustentável. A combinação de estabilidade cambial com responsabilidade fiscal é o caminho para consolidar a posição do Brasil na economia global.
Fonte: Estadão