A isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil mensais pode postergar o início do ciclo de corte da taxa Selic para abril de 2026. A projeção é do economista-chefe da Reach Capital, Igor Barenboim. Essa mudança tributária impacta a renda disponível da população, potencialmente elevando o consumo e, consequentemente, pressionando a inflação.
A análise da Reach Capital considera a dinâmica da inflação e o horizonte relevante utilizado pelo Banco Central (BC) para definir as metas. Historicamente, o Mercado financeiro debatia entre janeiro e março o início dos cortes, mas a nova medida fiscal altera esse cenário. A XP, por exemplo, já revisou sua estimativa para maio.
Impacto da Isenção do IR na Projeção Inflacionária
Com a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, espera-se um aumento na demanda agregada em cerca de 0,3% do PIB, segundo Barenboim. Essa injeção de renda na economia pode aquecer o consumo, gerando um efeito inflacionário que dificulta o corte antecipado da Selic. O BC, ao definir suas políticas, considera um horizonte de projeção de inflação que se move com o tempo.
“Como o horizonte relevante do BC se move com o tempo, em janeiro de 2026 o horizonte relevante já passa a ser 3T27 e com isso a projeção de inflação para esse período alcança 3,3%, um pouco mais perto da meta. No passado o BC já cortou enxergando 3,3% no seu horizonte relevante e, portanto, muitos economistas projetam que os cortes sejam iniciados em janeiro”, explicou Barenboim no relatório Panorama Macroeconômico.
Contudo, Barenboim ressalta que a isenção do IR altera esse quadro: “Nesse novo ambiente econômico de mais estímulo à demanda agregada [com a isenção do IR], a inflação no 3T27 continua em 3,4% e só converge para 3,3% no 4T27. Logo, cortes só podem ser iniciados em abril do ano que vem”.
Banco Central Adota Postura Técnica e Conservadora
O economista destaca a postura técnica e rigorosa adotada pelo Banco Central sob a gestão de Gabriel Galípolo, atual presidente. A credibilidade conquistada pela instituição em manter-se técnica e evitar pressões políticas por cortes antecipados de juros reforça a tendência de decisões baseadas em modelos de previsão e dados concretos.
“Depois de tantos elogios por ter seguido esse caminho mais Técnico e tendo em conta o destino profissional menos favorável de ex-presidentes do BC que se dobraram a pressão política, parece que a escolha mais provável do BC é dar tempo ao tempo e cortar quando o seu modelo de previsão permitir”, conclui Barenboim.
Fonte: InfoMoney