O Banco Central (BC) compreende a necessidade de manter uma política monetária mais restritiva do que em ciclos anteriores, e essa postura é desejada pelos dirigentes da instituição. A afirmação foi feita pelo diretor de Política Monetária do BC, Nilton David, durante um evento do UBS BB em Washington.


Segundo David, o nível atual das taxas de juros é o que “nos colocará no caminho certo”. Ele destacou que os dados econômicos recentes têm se alinhado às expectativas do BC, mas ressaltou a necessidade de mais informações e tempo para analisar o comportamento da economia.

Contexto da Política Monetária
O diretor relembrou questionamentos sobre a eficácia da política monetária no fim de 2024 e a possibilidade de a economia brasileira estar em dominância fiscal, um cenário que o BC, segundo ele, nunca considerou.
Diante disso, David explicou que o BC optou por ser mais restritivo “além do que seria necessário de outra forma”. Ele enfatizou: “Nós acreditamos que estamos mais restritivos do que em ciclos anteriores… e queremos continuar assim, e ver os efeitos defasados na economia. Esta é a fase em que estamos agora”.

Expectativas de Inflação e Cenário Fiscal
Na sua decisão mais recente, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano e sinalizou a intenção de conservá-la nesse patamar por um “período bastante prolongado”, visando conduzir a inflação para a meta contínua de 3%.
David expressou a expectativa de que as projeções de inflação do Mercado, atualmente registradas no boletim Focus, converjam para a meta do BC nos próximos meses. Atualmente, as previsões apontam para uma inflação de 4,72% em 2025, 4,28% em 2026 e 3,90% em 2027, todas acima do centro da meta de 3%.
O diretor do BC apontou as questões fiscais como um dos motivos para o descolamento das expectativas de mercado em relação à meta. Ele também comentou que a decisão do Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de quitar precatórios represados, conforme previsto pela PEC dos Precatórios de 2021, impactou a política monetária.
Impacto de Tarifas Comerciais
Em relação aos recentes atritos comerciais entre Estados Unidos e Brasil, Nilton David afirmou que, embora as tarifas impostas pelos EUA afetem setores específicos da economia, seus efeitos em nível macroeconômico não são considerados relevantes.
Fonte: InfoMoney