O cenário de juros elevados no Brasil está forçando uma reestruturação no mercado de crédito imobiliário, com gestores de fundos de recebíveis imobiliários (FIIs de crédito) adotando abordagens mais seletivas e focadas em segurança. Guilherme Antunes, sócio e gestor de crédito da RBR Asset, destaca que a gestão de risco se tornou primordial, exigindo maior atenção a operações com garantias robustas e parceiros confiáveis.


Com o custo da dívida em alta, as empresas enfrentam margens reduzidas, o que impacta diretamente o resultado dos projetos e a capacidade de financiamento para compradores finais. Antunes explica que a RBR tem, portanto, elevado o patamar de risco aceitável, priorizando alocações em operações mais protegidas e com parceiros de qualidade comprovada.
O Fim da Era do Crédito Fácil
O período entre 2020 e 2022 foi marcado por liquidez abundante e crédito barato, o que levou a um aumento na oferta de crédito high yield – caracterizado por devedores com maior risco e estruturas mais complexas. No entanto, esse cenário resultou em um aumento da inadimplência e estresse financeiro em fundos mais alavancados. Antunes observa que o crédito high yield perdeu espaço com a elevação dos juros, cedendo lugar ao crédito estruturado, também conhecido como middle grade.
Essa categoria, que busca um equilíbrio entre risco e rentabilidade, combinando a segurança do high grade com retornos mais atrativos, é vista como a protagonista do próximo ciclo de crescimento dos fundos de papel. A execução de garantias e a preservação da segurança jurídica são pontos cruciais na gestão desses fundos, minimizando o impacto de eventuais problemas de crédito.
RBR Projeta Reprecificação dos FIIs de Crédito com Queda da Selic
No caso do fundo RPRI11 (RBR Premium Recebíveis), gerido pela RBR, o portfólio é indexado ao IPCA e atualmente negocia com um desconto de 12% a 15% sobre o valor patrimonial. Essa desvalorização reflete a defasagem entre a inflação e as taxas de juros atuais.
A carteira do fundo apresenta um spread médio de IPCA + 11,6% ao ano, com 68% das operações concentradas em São Paulo, onde a gestora mantém acompanhamento físico e direto dos projetos. Antunes antecipa que, com a possível redução da Selic nos próximos meses e a retomada da inflação, os fundos indexados à inflação devem apresentar recuperação de valor. Ele acredita que o mercado já começa a precificar essa tendência, com os preços se aproximando do valor patrimonial.
Novas originações continuam sendo realizadas em patamares de IPCA +10% a +12% ao ano, considerados atrativos quando comparados às NTN-Bs, que giram em torno de 7% a 7,5%. Antunes conclui que o crédito estruturado permanece como uma das oportunidades mais promissoras do Mercado, oferecendo um excelente retorno nominal em um cenário de fechamento de curva.
Fonte: InfoMoney