Lula e o Congresso: Reorganizar Base Governamentista é Possível?

Presidente Lula tenta reorganizar base aliada no Congresso após derrotas. Especialistas questionam a eficácia da estratégia e o discurso presidencial.
Reorganizar base do governo — foto ilustrativa Reorganizar base do governo — foto ilustrativa

A estratégia de punir parlamentares que votaram contra pautas do governo, como na recente demissão de aliados do PT de cargos estratégicos após a votação da MP do IOF, visa reorganizar a base aliada no Congresso Nacional. Contudo, especialistas avaliam como improvável que a iniciativa traga resultados significativos neste momento, especialmente considerando o discurso presidencial que tem, em parte, antagonizado o Legislativo.

O presidente Lula, em um evento recente no Rio de Janeiro, dirigiu críticas ao Congresso, afirmando que a Casa Legislativa atravessa um período de “baixo nível”. Tais declarações, embora possam reforçar uma narrativa de confronto para mobilizar sua base eleitoral, criam um ambiente de tensão que dificulta a construção de pontes e a garantia de apoio parlamentar.

O Dilema da Base Aliada e o Discurso Presidencial

A tentativa de reorganizar a base governista através da remoção de indicados de deputados dissidentes surge como uma resposta a Derrotas expressivas, como a que resultou na perda de R$ 30 bilhões em arrecadação com a MP do IOF. A estratégia, que envolve oferecer cargos em troca de compromissos, busca ao menos mitigar futuras perdas, sem, contudo, garantir uma maioria estável para o governo.

Analistas políticos apontam que, para além da articulação direta com líderes como Arthur Lira e Davi Alcolumbre, o Governo precisa de uma estratégia mais consistente para lidar com o Legislativo. A distribuição de emendas parlamentares e a manutenção de um diálogo construtivo são essenciais para neutralizar pressões de partidos do Centrão que buscam enfraquecer a posição do presidente.

Impacto nas Campanhas e Narrativa Política

As bases para a campanha de reeleição de Lula enfrentam o desafio de uma parcela significativa da população insatisfeita com o cenário econômico e social. Diante da dificuldade em cumprir promessas de campanha, como a volta da “picanha” ao cardápio do trabalhador, o discurso de culpar o Congresso como adversário ganha força. Essa narrativa, segundo especialistas, pode ser mais valiosa politicamente do que a obtenção de vitórias legislativas concretas, especialmente se essas vitórias não impactarem diretamente o Orçamento público.

O governo tem apostado em pautas populares, como a tarifa zero no transporte e o fim da escala 6×1, que são promessas complexas de implementar. A estratégia parece ser de narrar que foram “inimigos” que impediram seu cumprimento, fortalecendo a campanha para a próxima eleição. Essa abordagem se torna mais eficaz justamente pela ausência de uma base governista sólida que pudesse viabilizar a aprovação dessas medidas.

Fonte: Estadão

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