Trump oferece ajuda à Argentina, mas aliados temem sabotagem eleitoral

Trump ofereceu US$ 20 bi à Argentina, mas condicionou ajuda a vitória eleitoral de Milei. Críticos temem interferência e impacto negativo.
ajuda de Trump à Argentina — foto ilustrativa ajuda de Trump à Argentina — foto ilustrativa

O presidente da Argentina, Javier Milei, busca socorro econômico dos Estados Unidos em meio a uma crise profunda. Donald Trump, presidente americano, ofereceu um resgate de US$ 20 bilhões, mas condicionou a ajuda à Vitória do partido de Milei nas eleições legislativas.

“Se ele não vencer, estamos perdidos. Se ele perder, não seremos generosos com a Argentina”, declarou Trump, em um comentário que gerou Reações imediatas.

A declaração foi vista na Argentina como uma tentativa de interferência eleitoral em um país soberano. Como consequência, o peso argentino despencou, opositores de Milei protestaram contra a que chamaram de “extorsão americana” e o Governo de Milei buscou tranquilizar a população sobre o compromisso dos EUA com o país.

Donald Trump e Javier Milei em reunião na Casa Branca, discutindo ajuda econômica para a Argentina.
Encontro entre Trump e Milei na Casa Branca pode ter gerado impactos negativos nas eleições argentinas.

Risco de sabotagem pelo apoio condicional de Trump

O apoio econômico condicional de Trump levanta dúvidas sobre tentativas de influenciar assuntos internos de outros países latino-americanos, usando incentivos econômicos. A turbulência gerada evidencia os riscos de Milei ao vincular o futuro econômico da Argentina à amizade instável de Trump e aos recursos dos EUA.

“Trump pode ter sabotado seu presidente favorito — ao lhe dar muito apoio e pouco apoio”, analisa Benjamin Gedan, diretor do Programa para a América Latina no Stimson Center. Milei, autodenominado libertário radical, buscou proximidade com Trump, elogiando-o frequentemente e adotando parte de sua retórica.

A intervenção do Tesouro dos EUA, prometendo comprar bilhões em pesos argentinos para evitar um Colapso, parecia um trunfo para Milei. No entanto, a forma como Trump apresentou a ajuda, soando como “extorsão”, pode ter provocado uma reação negativa.

Reações e precedentes de interferência de Trump

Pesquisas indicam que mais de 60% dos argentinos têm uma visão negativa de Trump, o que pode levar eleitores a punirem Milei nas urnas. A ministra da segurança nacional Argentina, Patricia Bullrich, tentou mitigar os comentários de Trump, sugerindo que ele falava de “filosofia, não da eleição”.

Este não é o primeiro caso em que Trump tenta influenciar resultados eleitorais. Ele usou tarifas e sanções contra o Brasil para tentar ajudar Jair Bolsonaro, que acabou condenado. No Canadá, Austrália e outros países, políticos alinhados a Trump foram punidos nas urnas, em um fenômeno conhecido como “anti-Trump bump”.

Milei, eleito em 2023 com a promessa de reformar a economia argentina, enfrenta dificuldades. Seu partido precisa de mais apoio nas eleições de 26 de outubro para implementar cortes de gastos. Eleitores e investidores demonstram impaciência com a falta de recuperação econômica, apesar do controle da inflação.

Patrícia Bullrich, ministra da Segurança Nacional da Argentina, em declaração sobre os comentários de Donald Trump.
Patrícia Bullrich tentou acalmar os mercados e a opinião pública após a fala de Trump.

Contexto econômico e intervenção dos EUA

O Congresso argentino tem rejeitado planos orçamentários, e escândalos envolvendo a irmã de Milei afetaram sua credibilidade. Uma derrota eleitoral provincial recente intensificou a crise econômica, com investidores abandonando o peso.

O Tesouro dos EUA interveio com um swap cambial de US$ 20 bilhões para estabilizar a economia argentina, apresentando a medida como proteção à visão econômica de Milei. O Tesouro declarou estar pronto para “o que for necessário” para garantir o sucesso das reformas.

A ajuda de Trump também gerou reação política nos EUA, com democratas criticando o apoio a um país estrangeiro enquanto o governo americano enfrenta paralisações. Agricultores americanos também foram afetados, com a China priorizando a soja argentina sobre a dos EUA.

“Ele é MAGA até o fim”, declarou Trump, elogiando Milei e esperando que suas ideias econômicas se espalhem pela América Latina. A concretização da ajuda cambial dos EUA e a estabilização da economia argentina permanecem incertas. Com as eleições se aproximando, Milei precisa convencer eleitores e Trump de que sua visão econômica é viável, uma tarefa que se tornou ainda mais desafiadora.

Ana Ionova e Daniel Politi, moradores do Rio de Janeiro e Buenos Aires, respectivamente, acompanham a economia argentina.

Fonte: Estadão

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