Os juros futuros apresentaram movimentações distintas ao final do pregão desta quarta-feira, com as taxas de curto prazo em ascensão impulsionadas pela recuperação do setor varejista, enquanto os vértices de longo prazo registraram queda. Essa dinâmica reflete a atenção do mercado à atividade econômica doméstica e ao cenário externo, buscando a descompressão de prêmios de risco.
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As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2027 subiram de 13,99% para 14,035%. Em contrapartida, o DI de janeiro de 2029 cedeu de 13,355% para 13,305%, e o DI de janeiro de 2031 registrou uma queda expressiva de 13,63% para 13,53%.
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Impacto do Varejo na Curva de Juros
O pregão iniciou com pressão sobre os juros futuros devido ao desempenho do setor varejista em agosto. As vendas no conceito restrito registraram alta de 0,2% em relação a julho, encerrando um ciclo de quatro meses consecutivos de retração. As vendas no varejo ampliado apresentaram um aumento de 0,9%, superando as expectativas de Mercado.
Esse cenário de fortalecimento do varejo reforça a tese de uma economia robusta, o que pode indicar que cortes na taxa Selic pelo Banco Central podem ser adiados. Essa percepção é refletida na oscilação dos juros futuros de curto prazo, que captam as expectativas sobre a política monetária e permaneceram em campo positivo durante toda a sessão.
O economista Igor Cadilhac, do PicPay, avalia que o varejo deve retomar uma tendência de desaceleração, mas de forma moderada. “Fatores como o mercado de trabalho aquecido e a massa salarial ainda robusta devem continuar sustentando o consumo das famílias. Mantemos, assim, a projeção de crescimento de 2% para o setor em 2025”, explicou em comentário.
Influência do Cenário Externo nos Juros de Longo Prazo
Por outro lado, as taxas de longo prazo foram influenciadas por notícias positivas do ambiente externo. Comentários do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, amenizaram os temores sobre a disputa comercial com a China. Adicionalmente, declarações de Stephen Miran, diretor do Federal Reserve (Fed) e um dos cotados para a presidência do BC americano, indicando uma postura favorável a mais cortes de juros, também sustentaram a renda fixa.
Apesar de o cenário externo ter sido o gatilho inicial para a melhora no pregão local, os juros futuros de longo prazo mantiveram a tendência de queda até o fim da sessão, mesmo com a perda de força desse movimento nos Estados Unidos. No encerramento do dia, a taxa do T-bond americano de 30 anos registrou uma leve queda, de 4,633% para 4,627%.
Analistas de mercado apontam que o mercado doméstico aproveitou o bom humor global durante parte do pregão para corrigir os excessos observados em semanas anteriores de maior estresse. Essa correção se alinha à descompressão de prêmios de risco, como visto na taxa do DI de janeiro de 2031, que havia fechado em 13,68% na segunda-feira, o maior patamar desde 21 de agosto.
“Os juros estão devolvendo muito do estresse dos últimos dias e semanas. Acho que é um movimento mais Técnico“, comentou uma fonte do mercado sob condição de anonimato.
Reação das NTN-B e Perspectivas Futuras
Um movimento similar foi observado no mercado de NTN-B, onde os juros reais de curto prazo apresentaram escalada no início da semana. Isso ocorreu à medida que o mercado precificou uma inflação implícita mais baixa, em decorrência da possibilidade de redução no preço da gasolina após a queda acentuada do petróleo no mercado Internacional.
No fim da tarde, a taxa da NTN-B com vencimento em agosto de 2026 anotou queda de 10,24% para 10,17%. Já o juro real da NTN-B para maio de 2027 cedeu de 8,94% para 8,92%.
Fonte: Valor Econômico