O Banco Central (BC) não projeta a apreciação do real como um fator determinante para a redução da inflação no Brasil. Paulo Picchetti, diretor de assuntos internacionais e de gestão de riscos corporativos do BC, enfatizou que a autoridade monetária não possui metas para a taxa de câmbio. Segundo ele, a recente valorização da moeda brasileira é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a força do dólar globalmente e a política monetária do país, que atrai o chamado ‘carry trade’.
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“O câmbio flutua para absorver choques, é uma definição de livro-texto de política que temos atualmente. Fora isso, como disse, o subproduto da política monetária é a apreciação que estamos vendo e não é ruim ter alguma sorte no processo também, mas isso não depende de nós”, explicou Picchetti. Ele acrescentou que o BC não está contando com um impacto significativo da apreciação do real na diminuição de preços.
Análise dos Riscos Inflacionários e Mercado de Trabalho
Ao ser questionado sobre o balanço de riscos para o cenário de inflação, conforme avaliado pelo Comitê de Política Monetária (Copom), Picchetti destacou que cada risco possui seu próprio peso, e não se trata de uma simples contagem de riscos de alta ou de baixa. A análise é mais complexa, considerando a magnitude e a probabilidade de cada evento.
Picchetti também abordou o desempenho do Mercado de trabalho, ressaltando que a taxa de desemprego atinge o menor patamar histórico. Ele mencionou a discussão sobre a definição da taxa neutra de desemprego e assegurou que, independentemente da métrica utilizada, o mercado de trabalho se encontra aquecido. “Não temos problemas com o desemprego per se, idealmente gostaríamos de ver a taxa de desemprego zero com preços estáveis, mas não é assim que as coisas funcionam”, ponderou.
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Política Monetária e o Cenário Econômico Brasileiro
A declaração de Paulo Picchetti reforça a autonomia do Banco Central em sua política monetária, focada no controle inflacionário e não na gestão direta da taxa de câmbio. A valorização do real, embora possa trazer benefícios secundários como a redução de Custos de importação, não é vista como uma ferramenta primária de combate à inflação pelo BC. Essa postura alinha-se com a abordagem de regimes de câmbio flutuantes, onde a taxa de câmbio atua como um amortecedor de choques externos.
A perspectiva de ‘carry trade’ mencionada por Picchetti indica que o diferencial de juros entre o Brasil e outras economias, mantido pela política monetária restritiva, atrai capital estrangeiro em busca de maiores retornos. Esse fluxo financeiro tende a impulsionar a demanda pela moeda local, resultando em sua valorização.
A análise de riscos para a inflação, destacada como complexa e ponderada, sugere que o Copom considera uma gama variada de fatores, incluindo choques de oferta, demanda e a própria dinâmica da política monetária. O mercado de trabalho aquecido, por sua vez, pode representar um risco inflacionário devido ao potencial aumento de gastos e pressões salariais, mas a declaração de Picchetti indica que o BC está ciente dessas nuances.
Fonte: Valor Econômico