Haddad: Núcleo da inflação segue alto; BC age para cumprir meta

Ministro Fernando Haddad afirma que núcleo da inflação segue alto, justificando as ações do Banco Central para atingir a meta de 3%. Análise econômica.
núcleo da inflação — foto ilustrativa núcleo da inflação — foto ilustrativa

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que o núcleo da inflação no Brasil permanece em patamares elevados, o que justifica as ações do Banco Central (BC) para conter a alta de preços.

As declarações foram feitas em comunicado escrito, marcando a participação do Brasil na reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington.

Embora Haddad tenha apresentado uma perspectiva favorável para a economia brasileira no médio prazo, ele reconheceu as pressões inflacionárias persistentes. Ele citou que as expectativas de inflação se mantêm acima da meta oficial de 3%, evidenciando a necessidade de uma política monetária restritiva.

“Assim, a política monetária permanece em território contracionista, reforçando o compromisso firme do Banco Central do Brasil em cumprir a meta e reancorar as expectativas”, declarou Haddad.

O ministro não viajou a Washington após o Governo sofrer uma derrota com a derrubada de uma medida provisória que alterava a tributação de aplicações financeiras. Esta MP era vista como crucial para o ajuste das contas públicas em 2025.

As declarações de Haddad em Washington servem como orientação para a delegação do Ministério da Fazenda.

Na semana passada, Haddad havia criticado a taxa Selic, então em 15%, como “excessivamente restritiva”, mas ressaltou que se tratava de uma opinião pessoal, sem questionar a autonomia do BC.

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 15% em setembro, pela segunda reunião consecutiva, o nível mais alto em quase duas décadas. O BC sinalizou que a Selic permanecerá nesse patamar por um período prolongado para garantir a convergência da inflação para a meta de 3%.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação oficial, registrou alta de 5,17% nos 12 meses até setembro, um leve aumento em relação aos 5,13% de agosto.

Haddad também avaliou que a atividade econômica brasileira está próxima do seu potencial, após superar as expectativas nos últimos anos. Ele mencionou que a inflação tem mostrado uma convergência gradual para a meta oficial.

O ministro destacou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva manterá o uso da política fiscal como ferramenta para promover Justiça social e bem-estar, sempre considerando o ciclo econômico.

Em um contexto de tensões comerciais globais, Haddad defendeu a remoção de restrições comerciais unilaterais e a restauração de estruturas previsíveis e baseadas em regras para impulsionar o crescimento global.

Contexto Econômico e Fiscal

A declaração de Haddad sobre o núcleo da inflação elevada ocorre em um momento delicado para as contas públicas. A recente derrota na Câmara dos Deputados com a derrubada da MP que alterava a tributação de investimentos financeiros representa um revés significativo para as estratégias do governo em buscar o equilíbrio fiscal para 2025.

O governo buscava compensar a perda de arrecadação esperada com as novas regras para o Imposto de Renda para pessoas físicas, que foram vetadas parcialmente pelo Congresso, e a desoneração da folha de pagamentos para diversos setores. A MP derrubada era vista como uma peça-chave para fechar o rombo fiscal previsto.

Cenário de Juros e Inflação

A manutenção da taxa Selic em 15% pelo Banco Central reflete a preocupação com a persistência inflacionária. O núcleo da inflação, que exclui itens mais voláteis como alimentos e combustíveis, é um indicador importante acompanhado de perto pelo BC para avaliar as pressões de preços subjacentes na economia.

Embora o IPCA geral tenha mostrado desaceleração em alguns períodos, o núcleo elevado indica que as pressões inflacionárias podem ser mais duradouras, justificando a postura mais cautelosa do BC. A meta de 3% para a inflação, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, é o principal norteador da política monetária.

Perspectivas para a Atividade Econômica

O ministro Haddad expressou otimismo moderado quanto à atividade econômica, indicando que ela está operando perto de seu potencial. Essa avaliação sugere que o país tem margem para um crescimento sustentável, desde que a inflação seja controlada e a confiança dos agentes econômicos seja mantida.

O uso da política fiscal para promover justiça social é um dos pilares da gestão atual, mas a capacidade de implementar tais políticas está diretamente atrelada ao equilíbrio das contas públicas. A articulação política no Congresso se torna, portanto, fundamental para a viabilização das agendas econômica e social do governo.

Fernando Haddad, Ministro da Fazenda do Brasil.
Fernando Haddad, Ministro da Fazenda, falou sobre inflação e Banco Central.

Fonte: Folha de S.Paulo

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