O economista americano Paul Romer, laureado com o Prêmio Nobel de Economia em 2018, alertou que os Estados Unidos devem enfrentar uma recessão econômica nos próximos 12 meses. Ele aconselha o Brasil a se preparar para os desdobramentos dessa possível crise.
Segundo Romer, os principais fatores que podem levar os EUA a uma recessão são as incertezas geradas pelas tarifas recíprocas impostas pelo governo de Donald Trump e o potencial Colapso da bolha especulativa em torno da Inteligência Artificial (IA).
“Os Estados Unidos poderão passar por uma recessão em 12 meses. E vocês [Brasil] devem estar preparados para isso. E os dois lados dos partidos políticos poderão dizer que não é culpa deles que os Estados Unidos estão em recessão”, afirmou Romer em Entrevista.
Ele detalhou que a desaceleração econômica pode ser desencadeada pela interrupção do alto volume de investimentos em servidores para IA. “Há muito investimento indo para as ‘fazendas’ de servidores de IA, o que está sustentando a economia. Se este investimento parar, isso causará uma desaceleração”, explicou o Nobel.
Desempenho econômico brasileiro e desafios
Apesar de não se considerar um especialista em economia brasileira, Paul Romer avalia que o país tem apresentado um desempenho razoável, mas com potencial para um crescimento mais expressivo.
“O Brasil está tendo um desempenho razoável, mas não na taxa que é possível. Eu acho que há espaço para fazer melhor. E o desafio é que as mídias sociais estão polarizando a política, e ninguém consegue entrar em acordo em nada”, analisou Romer.
Oportunidade para o Brasil na regulação de mídias sociais
Nesse cenário, o economista sugere que o Brasil pode assumir uma posição de liderança na regulação das mídias sociais, servindo como um modelo global, especialmente no que tange à tributação do modelo de Publicidade digital.
Romer pontua que, se o Brasil avançar nessa frente, é provável que enfrente pressões de empresas americanas e do Governo dos EUA. Contudo, ele ressalta que o país possui dimensão suficiente para resistir a tais influências.
Análise sobre os novos laureados do Nobel de Economia
Comentando sobre os recém-anunciados ganhadores do Prêmio Nobel de Economia, Joel Mukirya, Philip Baglioni e Peter Howitt, Romer reconhece que seus trabalhos se baseiam em modelos econômicos derivados de suas próprias pesquisas.
No entanto, ele expressa preocupação com a premissa desses modelos de que o monopólio é temporário. Para Romer, essa visão não condiz com a realidade atual, onde empresas estabelecidas conseguem perpetuar posições monopolistas, muitas vezes adquirindo concorrentes potenciais, como no caso do Meta (Facebook). Ele defende a necessidade de reformular esses modelos para que reflitam essa dinâmica de mercado.
Fonte: InfoMoney