O ano de 2026 poderá ser um verdadeiro pesadelo para o Banco Central (BC) na condução da política monetária. A avaliação é de Reinaldo Le Grazie, ex-diretor de política monetária do BC e sócio da Panamby Capital.
Le Grazie aponta que os efeitos positivos na economia observados neste ano podem arrefecer. Segundo ele, a queda da inflação em 2024 se deve em grande parte a fatores externos, como a influência do câmbio decorrente da desvalorização do dólar, impactada por tarifas impostas por Donald Trump. Essas forças econômicas, na sua visão, podem não se repetir em 2026.
“O ano que vem será um pesadelo para o BC. O que arrastou a inflação deste ano foi o câmbio. Para o ano que vem, se imaginarmos que o dólar vai [fechar o ano] a R$ 5,40, será que desvaloriza mais? Se a economia americana não desacelerar, ele não desvaloriza”, afirmou Le Grazie durante o evento Global Voices, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em São Paulo.
Pressão inflacionária em ano eleitoral
A projeção de Le Grazie indica que será desafiador fechar 2026 com uma inflação inferior à de 2025, contrariando estimativas de algumas casas de investimento. O principal motivo é a expectativa de aumento dos gastos públicos em 2026, impulsionado pela dinâmica típica de anos eleitorais.
Essa dinâmica tende a resultar em uma maior injeção de dinheiro na economia, o que, consequentemente, pressiona a inflação. Isso ocorre em um momento delicado para o ciclo de corte de juros.
“Todos os anos eleitorais tiveram gasto fiscal acelerado, com exceção de Temer, que não era candidato. Ano que vem vamos ter fiscal expansionista, com inflação em alta, população endividada, inadimplência alta, comprometimento de renda”, alertou o ex-diretor.
A análise de Le Grazie destaca os desafios que o Banco Central pode enfrentar para manter a estabilidade de preços diante de um cenário fiscal expansionista e de pressões cambiais no horizonte de 2026. É crucial acompanhar as decisões do Copom e as projeções do mercado financeiro para entender os próximos passos da política monetária no Brasil.
Fonte: InfoMoney