A inflação na Argentina desacelerou para 2,1% em setembro, conforme divulgado pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). Este resultado está em linha com as expectativas de economistas e representa uma queda em relação aos 1,9% registrados em agosto.

O acumulado de 12 meses até setembro atingiu 31,8%, um recuo em comparação com os 33,6% do mês anterior. Apesar da desaceleração mensal, o cenário ainda reflete os desafios econômicos enfrentados pelo país sob a gestão do presidente Javier Milei.
Impacto do Ajuste Econômico nos Preços
Os setores que apresentaram as maiores altas em setembro foram habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis (3,1%) e educação (3,1%). Seguiram-se transporte (3%), saúde (2,3%) e equipamentos e manutenção do lar (2,2%).
O índice oficial de preços da Argentina tem mostrado progresso ao longo do primeiro ano de Governo do ultraliberal Javier Milei. No entanto, a taxa mensal tem se mantido em patamares entre 2% e 3% em diversas divulgações recentes.
O país implementa um severo ajuste econômico, com a retirada de subsídios em tarifas de serviços essenciais, o que impulsionou os preços ao consumidor. Paralelamente, o governo busca conter a instabilidade nos mercados e no câmbio, com Milei buscando apoio Internacional.
Crise Política e o Cenário de Instabilidade
Uma crise política recente abalou as expectativas econômicas. Um suposto escândalo de corrupção envolvendo Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência, gerou investigação judicial após o vazamento de áudios de um ex-aliado acusando a irmã do presidente de cobrar propinas.
A derrota de Javier Milei nas eleições da província de Buenos Aires, a mais importante do país, intensificou a instabilidade. Reflexo disso, os títulos públicos, ações de empresas e o peso argentino sofreram quedas significativas, com a moeda atingindo seu menor valor histórico frente ao dólar.
O pessimismo do mercado se deve à preocupação com a capacidade do governo Milei de avançar com a agenda de cortes de gastos e reestruturação fiscal. Essa volatilidade forçou o Banco Central da Argentina a retomar intervenções no câmbio para controlar a disparada do dólar.

Acordo com o FMI e Medidas Econômicas
No início do governo, a melhora em indicadores econômicos permitiu à Argentina fechar um acordo de US$ 20 bilhões em empréstimos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em abril. A primeira parcela, de US$ 12 bilhões, foi repassada logo em seguida, representando um voto de confiança no programa econômico de Milei.
A meta do governo é manter a inflação abaixo de 2% ao mês e eliminar os controles de capitais. Após o acordo com o FMI, houve flexibilização nos controles cambiais, com a introdução do câmbio flutuante. No entanto, a recente deterioração nos mercados levou o país a intervir novamente no câmbio.
O governo e o Banco Central da Argentina lançaram medidas monetárias, fiscais e cambiais para injetar dólares na economia e cumprir as metas do FMI. Entre elas, a permissão para o uso de dólares guardados fora do sistema financeiro e a intervenção direta do Tesouro Nacional na compra e venda de dólares para estabilizar o câmbio.
Fonte: G1