Jamie Dimon: “baratas” no mercado de crédito podem gerar mais perdas

Jamie Dimon, CEO do J.P. Morgan Chase & Co., alertou sobre potenciais problemas ocultos no Mercado de crédito, comparando a situação a encontrar uma barata: onde há uma, provavelmente há mais.

A declaração surge após a falência da financiadora de veículos Tricolor Holdings e da fornecedora de autopeças First Brands Group, eventos que trouxeram apreensão aos investidores do mercado de crédito, que tem operado em ritmo acelerado e com retornos extraordinários.

Análise de Risco e Perdas no Crédito

Dimon expressou preocupação de que as perdas de crédito possam ser maiores do que o usual em caso de uma deterioração da economia americana. Ele aconselhou atenção especial a empresas de desenvolvimento de negócios (BDCs) e suas linhas de crédito privadas de capital aberto.

A fuga de investidores das BDCs, que detêm investimentos em dívida privada, é vista como um indicador de instabilidade crescente nesse mercado de US$ 1,7 trilhão. Fundos como o Blackstone Private Credit Fund já anunciaram redução em seus pagamentos aos acionistas, ampliando o distanciamento entre o mercado de ações geral e os fundos de crédito privado.

Exposição Bancária ao Mercado Privado

Uma parcela crescente das carteiras de crédito bancário tem sido direcionada a participantes do mercado privado, invadindo o espaço tradicional de empréstimos comerciais. Embora executivos do J.P. Morgan e Wells Fargo tenham assegurado que suas exposições são majoritariamente a grandes e estabelecidos players do crédito privado, Dimon ressaltou a incerteza quanto aos padrões de subscrição de todas as entidades envolvidas.

Perspectivas Econômicas e Resultados Bancários

Jane Fraser, CEO do Citigroup, notou um crescimento contínuo da economia americana, mas com sinais de arrefecimento em alguns setores. Assim como Dimon, ela manifestou preocupação com a inflação persistente e a resiliência do mercado de trabalho.

Esses alertas contrastam com os resultados financeiros recordes apresentados por grandes bancos como J.P. Morgan, Citigroup e Goldman Sachs, impulsionados por volumes de negociação e um consumidor americano resiliente. O Wells Fargo também apresentou resultados positivos após o Fed liberar o banco de restrições regulatórias.

No entanto, o Colapso da Tricolor, que gerou uma baixa contábil de US$ 170 milhões para o J.P. Morgan, serve como um lembrete de que o otimismo pode ser prematuro.

Fonte: Valor Econômico