Apenas 35% das grandes empresas brasileiras se encontram em estágios avançados de preparação para a reforma tributária, com a implementação prevista para janeiro de 2026. Segundo um levantamento da Thomson Reuters, outros 35% ainda estão em fase inicial de planejamento, enquanto os 30% restantes se situam em um nível intermediário.


A pesquisa consultou exclusivamente companhias de grande porte, com respostas coletadas entre julho e agosto de 2025. A consultoria avalia que ainda há tempo para que todas as empresas cumpram as novas obrigações, como a emissão de documentos fiscais com as informações dos novos tributos.
As empresas consideradas em estágio avançado já não apenas se preparam para o início da transição, mas também avançaram na reestruturação de seus modelos de negócios, antecipando as mudanças que a reforma trará a partir de 2027.
Esses dados representam um avanço significativo em relação a 2024, antes da aprovação da lei que regulamentou os principais pontos da reforma. Naquele período, 77% das empresas estavam em estágios iniciais e apenas pouco mais de 5% em estágios avançados.
A Thomson Reuters aponta que o senso de urgência finalmente se converteu em ações concretas, com uma drástica redução no número de companhias em fases iniciais de preparação e um salto expressivo naquelas que já investem ativamente na transição.
A publicação da Lei Complementar 214, em janeiro de 2025, foi um dos principais catalisadores dessa mudança, acelerando a preparação das organizações.
A pesquisa também revela que 69% dos entrevistados antecipam efeitos significativos, sejam positivos ou negativos, da reforma tributária em suas empresas nos próximos cinco anos. Adicionalmente, 28% contrataram consultorias externas para auxiliar no processo de adaptação.
Luciano Idésio, vice-presidente Latam para o segmento corporativo da Thomson Reuters, destaca a dificuldade que muitas empresas enfrentam para definir o ponto de partida da jornada da reforma tributária, que transcende a área fiscal. Ele explica que a consultoria auxilia os clientes a priorizar o planejamento.
Outro desafio apontado é a escassez de profissionais qualificados no mercado, o que leva muitas companhias a buscarem consultores. Idésio ressalta que o índice de 28% reflete essa demanda por consultorias, impulsionada pela Falta de profissionais disponíveis nas empresas.
Questões como a falta de regulamentação de alguns pontos da reforma e restrições orçamentárias podem explicar o atraso na preparação de algumas empresas em nível intermediário. Em certos casos, o investimento necessário depende de uma definição legislativa mais clara.
A Thomson Reuters participa do ambiente de testes do novo portal do governo federal, atuando no piloto da reforma tributária. A empresa disponibilizou em julho a versão atualizada dos documentos fiscais eletrônicos, e muitos clientes já estão emitindo suas notas de forma integrada com os sistemas de gestão (ERPs).
Edinilson Apolinário, diretor de tributos e conteúdo e líder da reforma tributária na Thomson Reuters, afirma que, exceto por setores com questões específicas, não houve mudanças estruturais nos documentos fiscais, o que torna a adaptação possível nos próximos três meses.
Apolinário pondera que, para quem ainda não iniciou a preparação, o desafio é maior. No entanto, ele assegura que, com um projeto focado, é possível realizar uma boa adaptação dos documentos fiscais até janeiro.
Ele enfatiza que as empresas que estão mais avançadas já superaram a etapa da entrega de documentos ao fisco em 2026 e estão construindo uma vantagem competitiva, adaptando seus modelos de negócios. Essas pioneiras já estão criando um diferencial em relação aos concorrentes.


Fonte: Folha de S.Paulo