O Ibovespa opera perto da estabilidade nesta terça-feira, após um dia de alívio impulsionado por declarações mais conciliatórias do presidente americano Donald Trump sobre a China. No entanto, novas preocupações sobre a escalada das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo voltaram a pressionar os ativos de risco globais, impactando o desempenho do Mercado brasileiro.
EUA-China: Novas Declarações Elevam Preocupações no Mercado
Declarações recentes do secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, em Entrevista ao Financial Times, reacenderam o temor de investidores. Bessent acusou Pequim de buscar enfraquecer a economia global através da restrição de exportações de minerais críticos e da imposição de sanções a empresas americanas. Essa fala contrapõe o tom mais ameno de Trump no dia anterior e aumenta a cautela no mercado.
Por volta das 10h35, o Ibovespa registrava uma leve alta de 0,09%, alcançando 141.915 pontos. Em contraste, os principais índices de Wall Street apresentavam quedas mais acentuadas, com o S&P 500 perdendo 0,95%. O fundo de índice de ações brasileiras (EWZ) também cedia 0,70% em Nova York. A pressão sobre o Ibovespa é acentuada pela queda nos preços de petróleo e minério de ferro, afetando blue chips de commodities como a Petrobras, cujas ações PN recuavam 0,53%, e a Vale, com suas ON em queda de 0,59%.
Mercado de Títulos Americanos e Impacto Local
Investidores também estão atentos ao retorno do mercado americano de títulos nesta terça-feira, após o feriado do Dia de Colombo. A volatilidade observada na sexta-feira passada, marcada por um forte “sell-off” nos papéis da dívida da Raízen no mercado offshore, elevou o CDS (Credit Default Swap) do Brasil e contagiou a dinâmica do câmbio e outros ativos locais.
No setor bancário, a movimentação é mista. Enquanto as ações PN do Bradesco lideravam as altas com ganho de 1,12%, as units do Santander figuravam entre as maiores quedas, cedendo 1,48%. A incerteza gerada pelas tensões geopolíticas e a dinâmica dos juros nos EUA continuam sendo fatores determinantes para o comportamento do Ibovespa.
Perspectivas e Cenário Econômico
Analistas de mercado monitoram de perto os próximos desdobramentos das relações comerciais entre Estados Unidos e China, que têm potencial para influenciar decisivamente o fluxo de capital para mercados emergentes como o Brasil. A antecipação de possíveis medidas protecionistas ou de novas tarifas pode gerar aversão ao risco e afetar o desempenho de empresas exportadoras e commodities.
A reabertura dos mercados de títulos americanos também pode gerar realocação de portfólios, com investidores buscando ativos mais seguros diante da volatilidade. Esse cenário exige cautela e uma análise aprofundada dos indicadores econômicos e políticos que moldam o comportamento dos mercados globais e locais.
Fonte: Valor Econômico