FMI Aumenta Projeção Global, Mas Alerta para Tensão EUA-China

FMI eleva projeção de crescimento global para 2025, mas alerta para riscos de nova tensão comercial EUA-China e seus impactos.
FMI projeção crescimento global — foto ilustrativa FMI projeção crescimento global — foto ilustrativa

O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou suas projeções de crescimento global para 2025, indicando que choques tarifários e condições financeiras se mostraram menos severos do que o esperado. No entanto, o órgão emitiu um alerta sobre o risco de uma nova disputa comercial entre Estados Unidos e China, que poderia impactar significativamente a produção.

Cenário Global: Otimismo com Ressalvas

Em seu relatório Perspectiva Econômica Global, o FMI apontou que acordos comerciais recentes entre os EUA e outras grandes economias ajudaram a mitigar o pior das tarifas ameaçadas pelo ex-presidente Donald Trump, com pouca retaliação. Essa situação levou à segunda revisão ascendente das projeções de crescimento desde abril.

O Fundo agora estima um crescimento real do PIB global de 3,2% em 2025, superando a previsão de julho de 3,0% e a de abril, que era de 2,8%. Para 2026, a expectativa é de um crescimento de 3,1%, mantendo-se estável em relação a julho.

O economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, atribuiu o desempenho positivo a fatores como tarifas menores que o antecipado, a agilidade do setor privado em antecipar importações e redirecionar cadeias de suprimentos, um dólar mais fraco, estímulos fiscais na Europa e na China, e um boom de investimentos em Inteligência Artificial. “Em suma: não tão ruim quanto temíamos, mas pior do que prevíamos há um ano e pior do que precisamos”, afirmou Gourinchas.

Risco de Escalada Comercial e Impactos Projetados

Apesar do cenário mais positivo, a ameaça de uma escalada na guerra comercial entre EUA e China ressurgiu. Na última sexta-feira, Trump sinalizou a imposição de tarifas de 100% sobre produtos chineses, como retaliação à expansão de controles de exportação de terras raras por Pequim. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, mencionou que negociações estão em andamento para evitar uma intensificação desse conflito.

Gourinchas alertou que, caso a escalada se concretize, ela representará um risco substancial para a economia global, podendo reduzir as projeções de crescimento e aumentar a incerteza, o que afeta negativamente investimentos e gastos.

O relatório detalha que, em um cenário de tarifas 30 pontos percentuais maiores sobre produtos chineses e 10 pontos percentuais maiores sobre Japão, zona do euro e mercados emergentes asiáticos, o crescimento global em 2026 seria reduzido em 0,3 ponto percentual. Esse impacto negativo poderia ultrapassar 0,6 ponto percentual até 2028.

Considerando outros impactos adversos, como o aumento da inflação, taxas de juros e menor demanda por ativos dos EUA, o FMI estima que a retração do PIB global poderia chegar a 1,2 ponto percentual em 2026 e 1,8 ponto percentual até 2027.

Desempenho Econômico nos EUA e Outras Regiões

As previsões básicas do FMI indicam uma perspectiva resiliente para os Estados Unidos, com crescimento de 2,0% em 2025, uma leve melhora em relação aos 1,9% projetados em julho. Para 2026, o PIB americano é estimado em 2,1%. Fatores como tarifas mais baixas, estímulos fiscais, condições financeiras favoráveis e o avanço em investimentos em Inteligência Artificial sustentam essa projeção.

A expansão da zona do euro também apresentou melhora, de 1,0% em julho para 1,2%, impulsionada por estímulos fiscais na Alemanha e pelo contínuo dinamismo na Espanha. Na América Latina e Caribe, o FMI elevou a projeção de crescimento de 2,2% para 2,4%, com destaque para o México, cuja economia é esperada crescer 1,0% em 2025.

As projeções para a China foram mantidas em 4,8% para 2025 e 4,2% para 2026, com a ressalva de que o aumento das exportações pode não ser sustentável. Gourinchas destacou as preocupações com o setor imobiliário chinês, que permanece instável, e os riscos crescentes para a estabilidade financeira diante da contração no investimento imobiliário e da demanda fraca por crédito.

A inflação global deve permanecer praticamente inalterada, com 4,2% em 2025 e 3,7% em 2026. No entanto, o FMI notou divergências entre os países, com um aumento nas previsões de inflação nos EUA, onde as empresas devem repassar os custos das tarifas aos consumidores.

Fonte: InfoMoney

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